domingo, 19 de dezembro de 2010

Porque hoje eu vou fazer, ao meu jeito eu vou fazer, um samba sobre o infinito.

Existem coisas que eu presencio e, apesar de não terem importância nenhuma, permanecem na minha memória.

Situações engraçadas, cenas inusitadas, frases perfeitas no momento certo. Cores, sabores, cheiros, músicas. Ficam guardadas em algum lugar da minha mente e algumas vezes são acionadas por algo que acontece no presente, numa ligação cujo caminho eu desconheço.

Seja em uma festa, restaurante ou uma rápida viagem de elevador, algumas mulheres me atraem por estarem usando um determinado perfume que de alguma maneira faz a tal ligação entre meus neurônios e acionam algum cantinho perfumado do meu cérebro. Pronto. Marcou.

A música então, nem se fala. Promovem viagens a lugares e tempos distantes em frações de segundo.

Algumas coisas engraçadas aconteceram no dia que eu criei o Batuque Meteórico.

A idéia de criá-lo surgiu pela primeira vez ao conhecer o adorável Duas Fridas, blogue da Helena Costa, uma colega da faculdade que depois de anos voltou para mim na forma de anjo, que adora rir, conversar, escrever e sambar.

Vale informar, já que falei do Duas Fridas, que a Helena o criou em parceria com a sua amiga Monix.

Em abril ficamos, eu e Helê, alagados e encharcados após dois temporais seguidos que caíram no final da feira da Rua do Lavradio. Impossibilitados de retornarmos ao meu carro, procuramos abrigo no restaurante Mangue Seco.

Ar condicionado ligado. Frio, muito frio. Solução: Caipirinhas para aquecer. Não sei quantas nós bebemos (Engraçado, acho que não sei contar caipirinhas... depois da terceira ou quarta eu sempre perco a conta). Sei que vieram as lembranças da faculdade e a Helena lembrou-se do JOTADOBE (uma alternativa ao jornal JB, assim como o partido PC do B o era em relação ao PCB), jornalzinho que eu e alguns talentosos colegas criamos na UERJ. Os elogios de uma especialista sobre meus textos começaram a despertar a minha vontade de voltar a escrever.

A Lau, de Vitória, e a Célia Vasques, com quem converso pelo MSN, também diziam sempre que gostavam da maneira como eu escrevia.

Recentemente a Deisi, outro sábio anjo, em uma conversa sobre a possibilidade de eu criar um blogue incentivou-me a fazê-lo.

Fui para casa, escrevi um primeiro texto, criei o blogue. Até aí tudo bem, mas fiquei na dúvida se o tornaria público ou não.

Decidi encontrar alguém que eu não conhecia para “testar” a qualidade da minha recente criação. Escolhi a Ivana, uma das cantoras do Samba Salvador. Desde o primeiro momento que a vi cantar eu fiquei encantado com sua voz, com seus gestos, enfim, com o conjunto da obra.

- Atrás daquele microfone também bate um coração. – pensei.

Estava na cara que ela era uma pessoa sensível.

Enviei um e-mail para a Ivana falando da possível criação do Batuque Meteórico e pedi sua opinião sobre ele, que seria definitiva na minha decisão de publicá-lo ou não.

Como as minhas coisas definitivas costumam mudar junto com minhas idéias (“eu prefiro ser esta metamorfose ambulante...”), publiquei e divulguei o blogue dois dias depois, sem esperar a resposta.

Ainda bem.

Eu nunca recebi resposta alguma da Ivana.

Pensei em várias explicações sobre o que poderia ter acontecido. A mais provável para mim era que o assunto do blogue não havia despertado o menor interesse nela. Seu silêncio era um “toco”. Minha estratégia de fazer um teste com uma desconhecida (e aproveitar para me tornar um conhecido) falhou feio. Deixei para lá.

Ontem, após a roda de samba, finalmente tive a oportunidade de bater um papo com a Ivana. Tive o prazer de vê-la e ouvi-la cantar, mostrando para mim as músicas que ela mesma compôs. Babei. (Morram de inveja, brasileiros e brasileiras!).

Falamos sobre a possibilidade, já levantada pelo Nando, o talento de sete cordas do Batuque no Coreto, de eu escrever letras para serem musicadas. Fiquei viajando na idéia.

E, para me deixar mais feliz, ela disse que não recebeu o e-mail que eu lhe enviei, no qual pedi o que seria a opinião (definitiva para abortar ou não) sobre o Batuque Meteórico. Completou dizendo com aquele delicioso sotaque meio mineiro, meio baiano, que jamais deixaria de responder, caso tivesse recebido. Que doce.

Estão confirmadas as minhas impressões: Definitivamente ela é encantadora.


Eu comecei esta postagem falando sobre coisas que ficam marcadas em nossas memórias.
Lembro-me de uma manhã, nos tempos em que eu era da equipe de atletismo da Universidade Gama Filho (toda vez que eu digo que já fui atleta aos amigos do meu filho, eles caem na gargalhada. Sacanagem! – Próximo projeto: um livro – Memórias de Um Gordinho), estávamos treinando em um morro na Taquara, quando avistamos, no caminho que percorreríamos, um menino solitário sentado embaixo de uma árvore, segurando uma cordinha onde estava preso por um dos pés um urubu pousado na mesma árvore.
Ao passar perto do menino eu não me contive e ordenei rigoroso:
- Solta o urubu, moleque!
E ele com toda segurança e firmeza me respondeu:
- Ih! O URUBU É MEU! – E, do jeito que estava, ficou.

Algumas pessoas podem achar desnecessárias várias coisas que publico neste blogue. Entre elas umas e outras que poderiam ficar em um nível privado.

Eu poderia, por exemplo, enviar um e-mail para a Ivana e contar sobre o prazer em finalmente conhecê-la melhor. Decidi publicá-lo aqui.

Eu também poderia falar menos da Beija-Flor, de escolas de samba, da Praça São Salvador, do Batuque no Coreto, de mim, etc.

Eu estou tranquilão. Sentado no meu sofá, notebook no colo, diante da varanda do meu apartamento, sentindo o vento que balança as árvores, com seus verdes em contraste com um céu azulzinho. Faz dias que não ouço um tiro sequer disparado lá nas imediações da Penha. Cabral trouxe a paz (?), não o Pedro, em caravelas, mas o Sérgio, em tanques e caveirões.

Pessoas que não gostam das coisas que eu publico aqui tem o direito de criticar, mas não me mandem parar, pois se o fizerem responderei:

- Ih! O Batuque Meteórico é meu!

Na minha, na boa. Estou achando tudo isso um grande barato!

Be happy!

5 comentários:

  1. Ah, eu já nem tenho mais o que comentar!

    Delicioso, como todos os outros!

    ResponderExcluir
  2. Valeu pela lembrança, Maurão! Beijo.

    ResponderExcluir
  3. Valeu, Casimiro,
    Forte Abraço! Garça.

    ResponderExcluir
  4. É isso aí, Mauro!

    Com certeza, vc tem o Dom.

    Um abração

    ResponderExcluir
  5. Obrigado gente, pelos comentários. Valeu Garça e César.
    Carol, minha querida, pés no chão e sonhos na cabeça. Caminhe com seus pés atrás dos sonhos. Para cima e além!
    Helena, minha flor querida! Você é tudo! E tudo pra mim, ao contrário do que canta Maria Rita, não é pouco!

    Todas as alegrias do mundo para vocês!
    Mauro

    ResponderExcluir

Envie seus comentários