segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Eu sou apenas um pobre amador, apaixonado. Um aprendiz do teu amor.

Outro dia ouvi a Cantora Teresa Cristina dizer que ela era criticada por cantar de olhos fechados, e que isso fechava uma janela entre ela e o público.

Como resposta criou a música Cantar

Cantar
Desnudar-se diante da vida
Cantar é vestir-se com a voz que se tem
Achar o tom da alegria perdida
E não ter que explicar pra ninguém
A razão desta tal melodia
Encharcada de sorriso e pranto
No cantar a lembrança se cria
E envelhece de repente
Vai solta no ar
Por isso eu canto
Canto para amenizar
Grande dor que me traz
O sorriso de alguém
Se a minha escola querida
Cruzar a avenida
Eu canto também
No canto
Vou jogando a minha vida pra você
Por isso, fecho os olhos pra não ver


“Cantar é vestir-se com a voz que se tem.”
Gosto muito desta frase. Percebo, em quem assim canta, uma entrega, um mergulho em si mesmo para trazer da alma o espírito da música. Muitas vezes toda intensidade da música que se manifesta vem na forma de som, de voz, mas também na dança, nos gestos.

Outro dia, num bate-papo pelo msn, tentei descrever o que a minha amiga Ivy transmite ao cantar:

"... Fica uma mistura deliciosa de gestos e música. Não exatamente uma dança. É como se a música fosse vento e você, árvore."

A Ivy, muitas vezes, também canta com os olhos fechados.

Eu ainda me questiono o motivo pelo qual me impressionei tanto ao ver Luisa Maita cantar no Pelas Tabelas, a ponto de “rastreá-la” em sua agenda, aguardando sua vinda ao Rio. E mais ainda, fiz do seu show um evento imperdível, ao qual fui sozinho, no sábado, dia 29 de janeiro.

Luísa, com sua voz suave, seu belo corpo, seus olhos fechados ao cantar e sua dança de garrafa que flutua no mar, ao sabor das ondas, levando as mensagens das suas composições.

Fim do show. Não resisti. Surpreendi a mim mesmo, procurando-a na saída do teatro, para elogiá-la. Porque eu acho que tem que ser assim. Como perder esta oportunidade? Alguém que com a sua arte, sua expressão, é capaz de modificar o meu comportamento, meus hábitos, merece saber desta capacidade, deste poder. E mesmo que já saiba possuí-los, isto tem que ser confirmado por cada um que se deixa impressionar.

Conversamos alguns minutos. Contei de como a conheci pela TV, da fascinação e da grande vontade e expectativa de assistir ao seu show. Falei do Batuque Meteórico e lhe perguntei sobre a possibilidade de entrevistá-la. Ela aceitou, deixou o número do seu telefone.

Nesta rápida conversa outra coisa me foi impressionante: Ela em momento algum desviou seu olhar dos meus olhos.

Um efeito semelhante ao de vê-la cantar com os olhos fechados, naquela intensidade, foi causado pelo seu olhar, nem um pouco invasivo ou provocante, muito menos vago.

Magnético. Absolutamente magnético.

Já ouvi dezenas de vezes, desde a compra após o show, o seu CD Lero-Lero. Sempre que posso fecho os olhos e a imagino cantando, com seus olhos fechados, ou falando, com olhos bem abertos, fixos nos meus, naquela  bela noite.

Descendo das nuvens, no dia seguinte fiquei em casa com minha filha durante a manhã e a tarde de domingo. Ela pediu que fizéssemos algo juntos, e decidimos assistir, ela pela primeira vez e eu nem sei quantas, ao filme Crash – No limite.

Crash é outra fantástica e intensa expressão da sensibilidade humana na forma de arte. O interessante, neste filme, é que sua sutilezas podem passar despercebidas, e mesmo assim ele não deixa de ser um excelente filme. Mas suas entrelinhas são poderosas e profundas. Mostra o quanto somos capazes, por estresse, pressa ou preconceito, de realizar gestos inaceitáveis por nós mesmos, em outras situações mais serenas.

Para nos sentirmos seguros separamos as pessoas em categorias que nos são mais ou menos interessantes e daí permitimos ou não a aproximação.

Assim, um chaveiro que vem trocar a fechadura de uma  loja deve limitar-se a fazer isso. Não importa a sua opinião em relação ao estado da porta, por exemplo, se ela está ou não empenada: - "Faça o seu trabalho. Eu lhe pago e adeus."

O filme mostra o quanto desprezamos as pessoas que cruzam anonimamente por nós. E o quanto as rejeitamos, por serem tão passageiras, quando em alguns momentos, por acidente ou não, o deixam de ser, contra o nosso desejo, e se colocam diante de nós, em nossas vidas.

Cada ser humano é uma lição de humanidade. Cada encontro é uma oportunidade de conhecermos melhor a nossa própria humanidade refletida no olhar do outro. O que falta é parar diante do outro e procurar por si no seu olhar. E, por conseguinte, o outro fazer o mesmo. Então se cria uma ligação, um laço. E através dele pode existir toda troca que, certamente, transformará as pessoas ligadas em seres humanos melhores.

Afinal, pra qual outro motivo, além de nos tornarmos seres melhores, que a gente vive mesmo?

Acordo cedo,
Com pé no freio
O mundo inteiro começa a girar


No banheiro
Olho no espelho
E crio coragem
E ponho pra andar
Carteira, chave no bolso
Tá carregando, meu celular
Acredita,
Ninguém apita,
Quem vai querer hoje me segurar


É,
Eu tô na vida é pra virar,
Que a felicidade vem,
Eu tô sonhando mais além


Não,
Nem vem aqui me atazanar
Se eu tô rindo é pra você
Eu não fui feita é pra fingir


Eu tô ligada é no amor
Que se tem pra viver


(Luisa Maita – Alento)


True or false? I need to call her.

Mauro Sá

domingo, 30 de janeiro de 2011

Alento: Luisa Maita voltará!

A temporada 2010 do programa Pelas Tabelas, do Canal Brasil trouxe uma interessante forma de divulgar novos nomes da música popular brasileira. A característica principal do programa era a apresentação de nomes bem conhecidos do público, como Teresa Cristina, Mariana Aydar e Arnaldo Antunes, se apresentando juntos com cantores e compositores pouco conhecidos na mídia.

Não possuo conhecimentos teóricos sobre música, mas fazendo uso da sensibilidade consigo perceber a boa qualidade de um artista. Foi esta a grata sensação que tive ao conhecer Luisa Maita, no Pelas Tabelas, cantando ao lado de Mariana Aydar.

Ao término do programa obtive mais informações sobre a cantora na Internet. Cadastrei-me em seu site (http://luisamaita.com.br/) para saber de sua agenda, e passei a aguardar que logo fizesse um show no Rio de Janeiro.

Na noite de ontem consegui confirmar minhas expectativas a respeito da qualidade do trabalho de Luisa Maita. Ela se apresentou no Oi Futuro Ipanema, com a casa cheia e, diga-se de passagem, satisfeita.

Digo aos amigos, nas rodas de samba, que as músicas devem ser executadas com “sons limpos”. Batidas espaçadas dos tantãs, toques delicados e uniformes nos pandeiros tamborins, “molho suave” das cuícas. Tudo isso para ouvir bem as cordas e o canto.

As músicas de Luisa são assim. “Limpas”. Um conjunto harmônico entre seus músicos e sua bela voz, que se torna adorável de se ouvir. Ontem, retornando para casa, ouvi repetidamente, no rádio do carro, o seu CD Lero-Lero.

Outra coisa que me chamou bastante atenção sobre Luisa foi a sua incomum beleza, fora dos padrões. Tal beleza, aliada ao seu jeito discretamente sensual de cantar, não me permitiram desviar os olhos da cantora. Devorei-a, “tal qual Caetano a Leonardo DiCaprio”.


Antropofagias à parte, eu acredito que, em breve, Luisa Maita será um sucesso nacional.  Foram muitas as pessoas que compraram seu CD, na saída do espetáculo, o que indica que conquistou vários fãs naquela noite. Inclusive a mim.

Em breve os leitores do Batuque Meteórico conhecerão um pouco mais de Luisa Maita.

Enquanto aguardam, podem curtir o vídeo da cantora, na coluna ao lado.

Mauro Sá

sábado, 29 de janeiro de 2011

Chame o ladrão! Chame o ladrão! Chame o ladrão!

Recebi de um amigo este e-mail, encaminhado para repasse. Fico muito indignado com a capacidade de seres humanos tirarem proveito de uma tragédia como a que ocorre nas cidades serranas do Rio de Janeiro para qualquer fim que não seja o de ajudar as pessoas necessitadas. Principalmente quando pessoas e órgãos públicos realizam este papel infame.

Pela confiança que tenho em meu amigo, creio ser verdadeiro o texto abaixo. Não alterei uma vírgula no texto, apenas eliminei os destaques que haviam em partes do texto, em vermelho,   chamando atenção para determinadas situações extremas.

 Percebe-se, na leitura, a indignação e o cansaço do Médico Martius de Oliveira, voluntário da Cruz Vermelha, ao relatar os fatos ocorridos em 17 de janeiro.  



Mauro Sá - Batuque Meteórico

Segue o e-mail destinado a seus amigos Anthonio e Thais:
 


18 de janeiro de 2011
 
VERGONHA EM TERESÓPOLIS - ROUBO DE DONATIVOS, POLÍTICA E RELIGIÃO

Martius por e-mail disse:

Oi Anthonio e Thais:

Eu vou ser breve pois estou super-cansado. Estou como médico voluntário da Cruz Vermelha, desde domingo. Nesta segunda, funcionários da prefeitura de Teresópolis nos expulsaram do galpão cedido por um empresário onde estávamos trabalhando. Vieram funcionários e guardas armados de fuzis. Foi uma cena surrealista. Eu estava preparando um kit médico para atendimento em campo quando um guarda com fuzil ordenou que saíssemos do local. Puseram todos nós pra fora, entrou um caminhão do exército, e em seguida alguns guardas armados começaram a pegar todos os donativos da Cruz Vermelha e colocaram nos caminhões. Ficamos do lado de fora, sem poder ver nada pois guardas ficaram montando guarda do lado de fora armados com fuzis. Liguei para um amigo influente, que ligou por sua vez para repórteres da rede globo. O repórter pediu que registrássemos fotograficamente o ocorrido. Quando o repórter chegou, ele pode filmar o tumulto em andamento. Fui entrevistado, e a matéria foi publicado no Jornal O Globo mas sem as fotos. O Estadão de São Paulo também divulgou uma matéria sobre o absurdo ocorrido. Entreguei o chip da máquina fotográfica mas não sei porque as imagens não foram divulgadas. Vi inúmeros comentários inclusive de um Lewandovsky (Anthonio: já imagino quem seja, enviei a foto dele ao Martius e estou aguardo a confirmação) ou coisa assim dizendo que eu era um lunático com CRM e que devia ter fumado maconha.

Inúmeras pessoas, a maior parte petistas doentes, acusaram a mim e a todos da Cruz Vermelha de mentirosos. Todos, repito todos os donativos, remédios, água, tudo foi confiscado pela prefeitura. A igreja católica que também foi boicotada pela prefeitura evangélica de Teresópolis nos cedeu o espaço da igreja para nos reorganizarmos e como formiguinhas rapidamente montamos um novo posto com as toneladas de donativos de São Paulo que haviam acabado de chegar!! Bendita São Paulo, que com sua carga de donativos, permitiu que voltássemos a operar quase imediatamente apesar de termos sido expulsos do local original. Muitos voluntários debandaram no meio da confusão. Hoje de tarde só tinha eu de médico na Cruz Vermelha, resultado da revolta dos médicos com o tratamento absurdo que receberam hoje de manhã e ontem, domingo, quando tiveram que interromper seu trabalho abruptamente em postos avançados, por funcionários da prefeitura. Hoje de tarde só tinha eu de médico, pois engoli a revolta e me concentrei em ajudar quem precisava.

Amanhã terça-feira me pediram para ficar lá pois não haviam conseguido nenhum médico voluntário na Cruz Vermelha. A cidade do Rio de Janeiro é a segunda maior do Brasil, há milhares de médicos mas nenhum voluntário durante toda esta segunda-feira. Juro que não consigo entender o que está acontecendo.... tantas pessoas desabrigadas, isoladas, precisando de ajuda.... Os principais atendimentos médicos consistem em fazer triagem dos pacientes que necessitam de remoção com internação em hospitais de campanha, estabilização hemodinâmica de feridos, imobilização de traumas, compensação de parâmetros fisiológicos em pacientes com insuficiência cardíaca, diabetes e hipertensão, tratamento de infecções respiratórias e gastrintestinais agudas, reidratação, e assistência aos que estão em estado de choque.

É indiscutível que muito já tem sido feito mas agora é que a coisa está pegando pois as pessoas estão começando a ficar doentes devido as condições insalubres dos desalojados e desabrigados. Peço que leia a matéria no globo e no estadão que lá está tudo mais ou menos bem explicado. E tudo é verdade... Mas tem gente que tá achando que tudo não passa de um factóide..... De voluntários médicos.... nada....... em menos de uma semana os voluntários sumiram....

Martius de Oliveira

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Pacto de Cuspe Virtual

Prometo, solenemente
Ser ar, quando você quiser ser pássaro.
Ser mar, quando você quiser ser peixe
Ser ouvidos, quando você quiser ser música
Ser pedras, quando você quiser ser rio.
Ser terra, quando você quiser ser flor.
Ser pássaro, quando você quiser ser árvore.
Ser água, quando você quiser ser sede.
Ser pão, quando você quiser ser fome.
Ser linha, quando você quiser ser pipa
Ser ladeira, quando você quiser ser bicicleta.
Ser luz, quando você quiser ser clara.
Ser calor, quando você quiser ser quente.
Ser travesseiro, quando você quiser ser sono.
Ser lágrima, quando você quiser ser triste.
Ser cócegas, quando você quiser ser riso.
Ser flauta, quando você quiser ser sopro.
Ser vibração, quando você quiser ser tambor.
Ser cachoeira quando você quiser ser fresca.
Ser céu quando você quiser ser estrela.
Ser desordem, quando você quiser ser caos.
Ser abraço, quando você quiser ser frágil.
Ser fogo, quando você quiser ser caverna.
Ser ninguém, quando você quiser ser só.
Ser túmulo quando você quiser ser silêncio.
Ser força, quando você quiser ser forte
Ser arco quando você quiser ser flecha
Ser amor quando você quiser ser amada
Ser homem, quando você quiser ser mulher.

Mauro


Se você vier
Pro que der e vier
Comigo
Eu lhe prometo o Sol
Se hoje o Sol sair
Ou a chuva
Se a chuva cair
Se você vier
Até onde a gente chegar
Numa praça
Na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar
Nesse dia branco
Se branco ele for
Esse tanto
Esse canto de amor
Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo

(Geraldo Azevedo)

Fala

"No princípio era o Verbo; e Verbo estava com Deus; e o Verbo era Deus.”

Verbo, palavra, poder.

Sendo a palavra uma forma de poder, de energia, tal como o amor e a luz, ela encontra seu oposto na sua ausência. Dizem que o oposto do amor é o ódio. Não acho que seja. Acredito ser a indiferença, Assim como da luz, é o escuro e da fala, o silêncio.

Há quem se sinta confortável no escuro, na indiferença, no silêncio. Mas a manutenção de tal conforto se torna egoísta quando o espaço é dividido com outro ser humano. É da nossa natureza procurar a luz, o amor e o entendimento. Quando o silêncio substitui o entendimento torna-se arbitrário. Leva ao afastamento, ao abandono ou ao conflito.

O entendimento geralmente é encontrado através do diálogo, com a troca de palavras plenas de amor, em busca da luz.

Silenciar pode indicar duas coisas, ambas equivocadas: Ou nos sentimos incapazes de nos fazermos entender, ou acreditamos que o outro é incapaz de nos entender.

Pode ainda indicar a indiferença. E assim traz as trevas, o vazio do desamor.

Muitas vezes o silêncio indica fragilidade, nasce do temor. O temor de ser invadido, ferido, incomodado. Outras tantas demonstra soberba: O outro não “merece” resposta.

Há, no entanto, momentos em que o silêncio é um dom. Quando serve de resposta a uma ofensa, por exemplo, ou quando realmente não se há o que falar, apenas ouvir.

Na maioria das vezes ele é falso. É exterior. A boca cala, mas a mente vive numa eterna discussão.

Eduardo Galeano, escritor uruguaio, cita, em seu livro As Veias Abertas da América Latina, uma bela frase sobre o silêncio. Está incluída na proclamação da Junta Tuitiva de los Derechos del Pueblo, de 1809, em La Paz:

Temos guardado um silêncio bastante parecido com a estupidez”.

É o deixar-se oprimir.

Paulinho da Viola, por outro lado, reivindica o silêncio para alcançar profundidade, capaz de levá-lo a fazer um samba sobre o infinito

Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco
a dor no peito
Não diga nada
sobre meus defeitos
Eu não me lembro mais
quem me deixou assim
Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos
Para ver as meninas
E nada mais nos braços
Só este amor
assim descontraído
Quem sabe de tudo não fale
Quem não sabe nada se cale
Se for preciso eu repito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito

Cartola, por sua vez, é sábio e delicado ao confirmar à sua amada que já amara alguém intensamente, e faz, do silêncio, proteção:

Tive, sim
Outro grande amor antes do teu
Tive, sim
O que ela sonhava eram os meus sonhos e assim
Íamos vivendo em paz
Nosso lar, em nosso lar sempre houve alegria
Eu vivia tão contente
Como contente ao teu lado estou
Tive, sim
Mas comparar com o teu amor seria o fim
Eu vou calar
Pois não pretendo amor te magoar


Palavras podem possuir vários significados. O silêncio também.
O que significa cada silêncio?
Não adianta perguntar, não ouço respostas.
Só o silêncio.

Eu não sei dizer
Nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser
Tudo o que quiser
Então eu escuto
Fala
lá, lá, lá, lá, lá, lá. lá, lá, lá
Fala
Se eu não entender
Não vou responder
Então eu escuto
Eu só vou falar
Na hora de falar
Então eu escuto
Fala
lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá
Fala

(João Ricardo/Luli)

domingo, 23 de janeiro de 2011

Escolhas

O amor
A indiferença
A lembrança
O esquecimento
O calor
O abandono
O respeito
A ofensa
O carinho
A agressão
O falar
O calar
O perguntar
O responder
O se interessar
O ignorar
O som
O silêncio
A alegria
A tristeza
O peso
A leveza
A procura
O desprezo

Tudo.
Absolutamente tudo, é questão de vontade. É questão opção.

Mauro Sá


"Morena, dos olhos d'água,
Tira os seus olhos do mar.
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar.
Descansa em meu pobre peito
Que jamais enfrenta o mar,
Mas que tem abraço estreito, morena,
Com jeito de lhe agradar.
Vem ouvir lindas histórias
Que por seu amor sonhei.
Vem saber quantas vitórias, morena,
Por mares que só eu sei.
Morena, dos olhos d'água,
Tira os seus olhos do mar.
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar.
Seu homem foi-se embora,
Prometendo voltar já.
Mas as ondas não tem hora, morena,
De partir ou de voltar.
Passa a vela e vai-se embora
Passa o tempo e vai também.
Mas meu canto 'inda lhe implora, morena,
Agora, morena, vem.
Morena, dos olhos d'água,
Tira os seus olhos do mar.
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar."
(Chico Buarque - Morena dos Olhos D'água)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Extra! Extra! Deu Batuque Meteórico Na Cabeça!

O Batuque Meteórico, em pouco mais de dois meses de existência, está próximo de alcançar os quatro mil acessos.

Não acompanho estatísticas de outros blogues, e sei que cada um tem sua característica própria, se destina a um público alvo diferente. Assim, se aquele amigo apaixonado entrar na Blogsfera com o objetivo de ser lido por sua amada e ela o faz, o cara garantiu o objetivo! Cem por cento de sucesso!

Eu ainda estou brincando de escrever aqui neste meu amado Batuque Meteórico. Criei para isso, como os que o acompanham desde o início sabem. Mas gosto de acompanhar o efeito que as postagens causam sobre as pessoas.

Gosto, vaidoso, de ser elogiado.
Preciso, querendo me tornar uma pessoa melhor, ser criticado.

É simpática a atitude das pessoas que evitam a crítica para não ofender. Mas amigos, cá entre nós, podem meter o malho, nem que seja por e-mail. É de grande utilidade para mim. E podem elogiar também. De preferência ao vivo. Rola até um chope ou um sorvete. Mas tem que ser sincero!

A postagem Natureza: Complicada e Perfeitinha bateu todos os recordes! Em uma semana já é a mais lida de todas. Aí eu fico pensando no motivo. - Deve ser porque eu falo de Meteorologia! - Nada! Falei das Garotas do Tempo exatamente na primeira postagem, no Sétimo Dia do Mês de Novembro do Ano Dois Mil e Dez de Nosso Senhor Jesus Cristo, e o texto quase não foi lido! Perceberam a estratégia e a dica? Quem não leu é só clicar no nome da postagem!

Entre os elogios, disseram que sou “fofinho”.

Fofinho!?! Elogio? Fiquei procurando aquele risinho de deboche, mas a moça era uma artista. Lembrei do excelente Toy Story 3 e seu ursinho perfumado com cheirinho de morango, que era o vilão da história. Fofinho.... Tá bom!

Entre as críticas, a mais notória e frequente é sobre o tamanho da maioria dos textos, muito grandes.

Verdade. Sou prolixo. Se os textos fossem impressos, para muitos iriam pro lixo (sacou o trocadilho infeliz?). Mas é blogue. Eletrônico. Não ocupa espaço na estante. Não pesa na mochila. E eu não vou apagar. Tá aí como alternativa para a hora que você tiver um tempo livre.

“Tenha pressa não, meu rei!” (diria um bom baiano) Vai tentar descobrir se no final de centenas de linhas existe ou não algo que se aproveite.

Pronto! Virou joguinho eletrônico. Garantia de sucesso.

Deve ser melhor que ficar atirando bolinha colorida com o mouse ou jogar paciência para fazer com que o tempo passe mais rápido, que chegue logo o sono e que a droga do dia acabe.

Com Sol ou chuva, segue o samba.

Extra! Extra!
União da Ilha do Governador - 1987


Amor, acorda pra folia
Vem descobre o dia a dia
Novamente cruza o mar a alegria
"Caminha" mandô foi de cocheira,
foi notícia de primeira
Seu "Cabral" ! Que legal!
Olh`eu eu aí olha eu aí
Vim botar "A BANCA"
Na Sapucaí

Li que a missão do "ECONOMÊS" é exportar
Diz a manchete que a guerra vai acabar
Aqui na terra tem cruzado pra valer (hoje é Real)
Caderno "B" o dia "D" é luxo só

É bafafá, é ti-ti-ti no ta-ta-tá
Olha a dica, vai na boa
Que o astral vai melhorar

Dançou, dançou, dançou, dançou
Deu milonga nessa copa
Dona Zebra até dançô

Quem tem amor pode dar
Quem não tem vai achar
Quem tem, ama
você é chama do meu coração

Oi! Brilha emoção
Antes que eu ma esqueça
Extra! Extra! deu Ilha na cabeça


Obrigado bateria!

Mauro Sá  - Batuque Meteórico.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Água Indelicada - por uma mulher delicadíssima

Ivana, maravilhosa cantora e compositora, enviou por e-mail a letra de uma de suas canções quando falávamos sobre esta tragédia que ocorre na Região Serrana do Rio de Janeiro e a indiferença com a qual muita gente, e algumas vezes nós mesmos, reagimos.

Ontem tive o prazer de vê-la cantando. Hoje decidi fazer um control c e um control v no texto da Ivy, e compartilhar com os leitores do Batuque Meteórico. 
Quatro teclas e um presente.

Mauro 

*****************************************************

Ivy diz:

"...Segue um samba triste que reflete um pouco este momento e a nossa sensação de impotência diante destas tragédias:

Água Indelicada

Peço perdão...
Se minha atitude te parece indelicada
Mas mesmo a pureza da água está sem razão
E desse egoísmo umedece o meu violão
Num choro que faz soluçar até mesmo a canção

Vejo a nuvem...
Negra no céu, carregada de dor e de luto
A cada clarão de um raio, outra vida em vão
A terra cede furiosa, não deixa opção
A quem um dia levantou aquele barracão

Mas tudo bem, meu maior prejuízo foi roupa pesada
Molhada de chuva, no tráfego algumas horas roubadas
Mas tudo bem, estou protegido em minha morada
E tenho a ousadia de compor um samba de mãos atadas

E amanhã... quando o sol finalmente resolver sair
As vidas viram números, belas flores nos túmulos
E o jornal... vai soar um “bom dia” na televisão
Outra epidemia, CPI, futebol
...Novos corpos no chão.
(Ivy)
Obrigado, minha flor!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Charles, Anjo 45

Pensamentos surgem inesperadamente.

Eu estava em um engarrafamento, que me fez desistir, ainda no meio do caminho, de ir à Beija-Flor. Tentando encontrar um retorno na Avenida Brasil, sem nenhum motivo aparente comecei a pensar no Haroldo, morador de rua, aliás, de praça. Da Praça São Salvador.
Lembrei que ri dele, incrédulo, debochado mesmo, quando me disse que faria 74 anos, em um determinado dia de dezembro passado. Não ri pela sua memória, mas por ele ter prometido que faria uma festa na praça :- Um garrafão de vinho suave, outro de rascante. - E carne. Seria um churrasco. Farto, segundo ele.
Dias depois eu soube que ele tentou encontrar, em vão, alguns familiares, numa cidade fora do Rio, para conseguir dinheiro para o tal churrasco.
 Fiquei mal. Aliás, fiquei péssimo!
Esta semana uma pessoa que eu amo me chamou de “anjo”. Eu rejeitei o tratamento (mas jamais o carinho. Como diz Leila Diniz, “Cafuné? Eu quero até de macaco!” - Vindo de quem veio, então!):
 - Sou anjo não, minha flor! Anjo é você!
 Sou capaz de cometer desatenções como a que citei acima.

Minha teoria é a seguinte, na boa: Está na Terra? Vivo? É humano? Então está sujeito a falhas. Qualquer tipo de falha.
Já dizia o professor Eduardo Neiva,  carrasco que detonou oitenta por cento da minha turma na faculdade: - "Não existe gesto tão baixo que um ser humano não possa cometer". - Mas é legal viver se corrigindo, só pra tentar melhorar um pouquinho o nível da gente e da humanidade.
Aí acontece uma tragédia como esta, na Região Serrana, e muita gente se comove e procura ajudar. Cada vez mais pessoas se mobilizam nesses momentos, o que faz com que eu fique orgulhoso pelo gesto tão bonito (Nunca vi tão lindo!, diria Haroldo). Por outro lado surgem uns idiotas que querem levar vantagem em absolutamente tudo, e passam a vender a rara água doada por uma fortuna.
Sou anjo não minha flor! Mas se um anjo, O Arcanjo Miguel, por exemplo, numa hora dessas,  me emprestasse sua espada...
"E o morro inteiro assim feliz vai cantar:
Disseram que ele não vinha. Olha ele aí!
Disseram que ele não vinha. Olha ele aí!"

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Moro num país tropical abençoado por Deus... Tô nem aí! Tô nem aí!

Os habitantes da Terra
Estão abusando
Ao nosso Supremo Divino
Sobrecarregando
Fazendo o quê?
Fazendo mil besteiras
E o mal sem ter motivo
E só se lembram de Deus
Quando estão no perigo.
                          
Deus lhe pague!
Deus lhe crie!
Deus lhe abençoe!
Deus é vosso pai
É vosso guia...

Tudo que se faz na Terra
Se coloca Deus no meio
Deus já deve estar
De saco cheio...
(Almir Guineto - Saco Cheio)

Texto baseado em reportagem de Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo:

O governo brasileiro admitiu à Organização das Nações Unidas (ONU) que grande parte do sistema de defesa civil do País vive um “despreparo” e que não tem condições sequer de verificar a eficiência de muitos dos serviços existentes.

Ivone Maria Valente, da Secretaria Nacional da Defesa Civil (Sedec), enviou um documento à ONU fazendo um raio X da implementação de um plano nacional de redução do impacto de desastres naturais. Suas conclusões mostram que a tragédia estava praticamente prevista pelas próprias autoridades.

Uma das criações da ONU, após o tsunami que atingiu a Ásia, foi o Plano de Ação de Hyogo (local da conferência onde o acordo foi fechado). No tratado, a ONU faz suas recomendações de como governos devem atuar para resistir a chuvas, secas, terremotos e outros desastres. Ficou também estabelecido que os 168 governos envolvidos se comprometeriam a enviar a cada dois anos um raio X completo de como estavam seus países em termos de preparação para enfrentar calamidades e o que estavam fazendo para reduzir os riscos.

Na versão enviada pelo próprio governo do Brasil ao escritório da Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres, no fim de 2010, as constatações do relatório nacional são alarmantes. “A maioria dos órgãos que atuam em defesa civil está despreparada para o desempenho eficiente das atividades de prevenção e de preparação”, afirma o documento em um trecho. Praticamente um a cada quatro municípios do País sequer tem um serviço de defesa civil e, onde existe, não há como medir se são eficientes.

Na avaliação de risco, por exemplo, o governo admite que não analisou a situação de nenhuma escola ou hospital no País para preparar o documento.

O próprio governo também aponta suas limitações em criar um sistema para monitorar e disseminar dados sobre vulnerabilidade no território. O governo também reconhece que a situação é cada vez mais delicada para a população. “A falta de planejamento da ocupação e/ou da utilização do espaço geográfico, desconsiderando as áreas de risco, somada à deficiência da fiscalização local, têm contribuído para aumentar a vulnerabilidade das comunidades locais urbanas e rurais, com um número crescente de perdas de vidas humanas e vultosos prejuízos econômicos e sociais”, diz o documento assinado por Ivone Maria.

 “A não implementação do Programa (de redução de riscos) contribuirá para o aumento da ocorrência dos desastres naturais, antropogênicos e mistos e para o despreparo dos órgãos federais, estaduais e municipais responsáveis pela execução das ações preventivas de defesa civil, aumentando a insegurança das comunidades locais”, afirmou o relatório.

O órgão também deixa claro que o Brasil estaria economizando recursos se a prioridade fosse a prevenção. “Quando não se priorizam as medidas preventivas, há um aumento significativo de gastos destinados à resposta aos desastres. O grande volume de recursos gastos com o atendimento da população atingida é muitas vezes maior do que seria necessário para a prevenção. Esses recursos poderiam ser destinados à implementação de projetos de grande impacto social, como criação de emprego e renda”, conclui o documento.
 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Natureza: Complicada e perfeitinha.


Toda esta umidade que está chegando vem da região da Amazônia, das mais quentes e úmidas do mundo, e de outra área, de baixa pressão constante, na Bolívia. Uma quantidade imensa de água, nas proporções de um rio extremamente volumoso, converge como vapor d'água criando uma faixa que corta o Brasil diagonalmente do noroeste ao sudeste. Passando pelo centro do país.

Quando uma frente fria se alinha com esta faixa de umidade, alimenta esta área de convergência com mais vapor d'água e forma um canal que traz toda esta umidade acompanhando a linha da frente, em direção do Oceano Atlântico.


O centro do Brasil é plano e o "rio de vapor" segue fácil até encontrar alguma barreira em seu caminho. No caso, a Serra do Mar.


Diz o velho ditado: Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Não é o caso.


Vapor, imaginem, é água muito mole! Bate na montanha e não consegue furá-la. Faz o quê? Sobe.


Aí o vapor vai subindo a encosta da montanha. Só que a temperatura cai na medida em que se sobe. O que era vapor vai se condensando, virando gotículas de água.


Uma gota encontra outra, se fundem, aumenta de tamanho, as gotas ficam pesadas e a gravidade as atrai para o centro da Terra.


No caso da nossa tragédia era gota demais, água demais. E entre o topo das nuvens carregadas de água e o centro da Terra estão as cidades Três Rios, Areal, Pedro do Rio, Itaipava, São José do Vale do Rio Preto, Bonsucesso, Posse, Sumidouro, Teresópolis e Nova Friburgo. Toda esta água caiu e vai continuar caindo, até que a frente, que resolveu estacionar sobre o nosso litoral, se dissipe ou se desloque para o oceano.


Para o litoral geralmente passa o ar quente e um pouco de umidade. Quando grandes quantidades de vapor conseguem passar pela serra, o que não choveu lá choverá aqui. Não adianta guarda-chuva. Fiquem em casa.


Vem aí o final de semana. Na Cidade Maravilhosa um sábado quente, mas com o céu "sujo". Melhor.

Em dias de aquecimento excessivo, céu claro, a terra aquece e ela aquece o ar em contato. Aquecido, o ar também subirá. Vapor d'água no caminho? Leva junto!

E formam-se, durante todo o dia, aquelas nuvens lindonas, gordas, imensas. Aquilo tudo é vapor d'água pra caramba. Montanhas de vapor.

Aí a parte de cima da nuvem se resfria demais. A nuvem é tão alta em seu topo, fica tão frio lá em cima que o vapor vira gelo. Abaixo deste topo é o caos: Gelo caindo, derretendo na queda, pelo atrito com o ar. Água que não virou gelo caindo, vapor d'água ainda subindo. Atrito, atrito, energia, carga elétrica em pontos opostos da nuvem. Raios, trovoadas, e chuva. Geralmente muita chuva, em pancadas.



Céu encoberto, menor aquecimento. Chuvinha intermitente, chata, mas não mata. Só se durar muitos dias.


Vou ao samba em nome da alegria e do amor, para ajudar as pessoas da Região Serrana, e as crianças do Lar Luz e Amor, colhendo donativos.


A cooperação justifica o samba, caso contrário, faria como Paulinho da Viola:


"Não tirei minha viola,
parei, olhei e vim-me embora
Ninguém compreenderia um samba naquela hora"

Onde a zorra vai parar?


Amigos, a situação das nossas cidades serranas é inimaginável. Um colega, oficial do Corpo de Bombeiros, foi deslocado de suas atividades aqui na capital para ajudar nos trabalhos da Defesa Civil. Ele descreveu sua chegada à Nova Friburgo:

 “Só vejo lama, lixo, corpos e pessoas desoladas, andando perdidas em sua própria cidade. A cidade está irreconhecível. Nova Friburgo acabou.”

Entre outras ações preventivas, uma delas passa pela Meteorologia, minha atividade profissional.

O Estado e a Prefeitura tem estrutura, pessoal, informações meteorológicas, geológicas, etc. O que falta são as ações.

As informações meteorológicas saem, por exemplo, em tempo ágil. O que não há é um encadeamento de medidas que torne eficientes e coordenadas a evacuação da população, a exigência de estruturas especiais nas construções em áreas que podem ser atingidas.

O fenômeno foi incomum. Os rios desconheceram seus cursos e se espalharam por onde nunca se imaginou que passassem.

Mas muita coisa poderia ser evitada.

Infelizmente, nestes dois meses de blog, é a segunda vez que cito a São Clemente 2004:

NO BRASIL O QUE É SÉRIO É CARNAVAL

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cada Paralelepípedo desta cidade vai se arrepiar!

Final de semana espetacular no Rio de Janeiro. A diferença foi o encontro promovido pela Desliga dos Blocos, que reuniu milhares de pessoas em torno da Rua do Mercado, nas imediações da Praça XV e o início dos ensaios técnicos oficiais, promovido pela Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial, a LIESA.

Estiveram presentes foliões dos seguintes blocos (prestem atenção nos nomes das agremiações. São, por si, um carnaval!):

* Cordão do Boi Tolo
Sambamantes
Largo do Machado, Mas Não Largo do Copo
* Bloco Infanto-juvenil Largo do Machadinho, Mas Não Largo do Suquinho
* Frevo Prato Misterioso (Comemorando Jubileu de Platina)
* Butano na Bureta (Meu filho, Gabriel, junto com os amigos do CEFET-Química)
Ih! É Carnaval!
É Tudo ou Nada
Universidade do Samba
Maria Vem Com as Outras
Desliga da Justiça
Tribo do Tambor
Se Melhorar Afunda
Êpa Rei
Meu Bem,Volto Já!
Imprensa Que Eu Gamo (profissionais de imprensa)
Cardosão de Laranjeiras
Barangal
Bafafá
Cutucano Atrás
Exalta Rei
Subbloco Ni Mim Bateu
Turbilhão Carioca
Suburbanistas
F.U.B.Á (Foliões Unidos do Bloco Alheio)
Devassos da Cardeal
Escorrega, Mas Não Cai
Planta na Mente
* Fanfarani
* Berço do Samba
Maracatu GEBAV - Grupo de Estudos do Baque Virado
Cordão do Prata Preta
Volta Alice
Eu Sou Eu E Jacaré É Bicho D´Água
Corre Atrás
Bagunça Meu Coreto (Da Praça São Salvador)
Velosos & Furiosas
Batuque das Meninas
Carmelitas
Rola Preguiçosa

O encontro começou com uma roda de samba em frente à Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, e contou com a participação da passista mais bela e graciosa do Rio de Janeiro, Vanessa, Mestre Pinheiro do pandeiro, Tânia com seu xequerê, Mauro da Cuíca e o talentoso cantor Natan, todos do Batuque no Coreto.

Além da “palhinha” do Batuque no Coreto na roda de samba, eu tive o prazer em encontrar meu filho e seus amigos, gente que há alguns anos eu vi caindo, ao dar os primeiros passos, e naquele dia, caindo no samba.

Outras “celebridades” do nosso blog estavam lá: Helena, Cristina, Manoel, Sandra, Mineiro. E a surpreendente presença de Amy Winehouse. Depois de alguma confusão constatamos que não passava de uma cover da cantora. Fizemos o teste do bafômetro e a menina só havia bebido água, a falsa!

A noite de domingo fechou com grande estilo. Na Marquês de Sapucaí as arquibancadas estavam lotadas para o primeiro dia dos ensaios técnicos das escolas de samba.

Antes do ensaio, os “trabalhos” foram abertos pelas baianas das escolas, que perfumaram com flores, incenso e benjoim a Avenida. Uma grande alegria tomou conta da escola ao passar pela arquibancada do Setor Um. Minha sensitividade esotérica indicou que havia um anjo por ali. Não vi, mas senti a presença.

O ambiente de confraternização ficou mais harmonizado e até os mestres do samba que estão no céu vieram curtir a alegria da Acadêmicos da Rocinha, com a bateria sendo o ponto alto da escola, na opinião da imprensa especializada.

Sorte minha! Eu estava entre os trinta cuiqueiros que a escola levou na frente da sua bateria. Modéstia à parte, nós mandamos ver!

Entre as feras estavam Nilsinho Neon, Seu Pedro, Marcelo Picapau e Eu, da Beija-Flor (me incluí entre os feras e ninguém tinha reparado!). Janderson, Niquinho, Jovem, e mais uma galera da Imperatriz. Além da moçada da própria comunidade, é claro. Só a afinação que rolou na concentração já valeria um prêmio!

Depois desfilaram a São Clemente e o Salgueiro.

Bom demais! E o carnaval está só começando!

Cada paralelepípedo desta cidade vai se arrepiar!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Outras Palavras ou "O "Mundo" entre aspas"

Uma das coisas que acho mais geniais em Chico Buarque é a capacidade de lidar com a lógica das palavras, com as figuras de linguagem, com a construção dos textos.

Eu gostaria de ter tal habilidade, de conhecer os vários significados de cada uma das palavras e tê-las à minha disposição. Ao contrário, percebo que tenho pouco conhecimento da nossa língua e volta e meia me expresso muito mal.

Outro dia percebi que eu havia criado um “dicionário ultra-personalizado” com palavras da língua portuguesa para uso extremamente pessoal e intransferível. O que significa, em termos de comunicação, o mesmo que “inútil”.

Se a gente pensar bem, a coisa não é mesmo fácil. O nome da cor verde, por exemplo:

“De repente
me lembro do verde
da cor verde
a mais verde que existe
a cor mais alegre
a cor mais triste
o verde que vestes
o verde que vestiste
o dia em que te vi
o dia em que me viste

De repente
vendi meus filhos
a uma família americana
eles têm carro
eles têm grana
eles têm casa
a grama é bacana
só assim eles podem voltar
e pegar um sol em Copacabana”

(Verdura, Caetano Veloso)

O verde (deixemos de caetaneagens) guarda em si todos os tons de cores que conhecemos, parecidos com um verde qualquer que temos como referência em nossa mente. Pessoal e intransferível, portanto.

Quando eu digo: “Estou encantado por você, com a serenidade que me transmite.”, quero dizer que não estou apaixonado, pois eu rejeito as idéias que acompanham a palavra paixão.

Em quase todos os significados desta palavra há uma ligação com o sofrimento. Se eu sinto um grande afeto, se me delicio em olhar, ouvir, lembrar e falar, eu não posso estar apaixonado! Não há sofrimento algum no que sinto! Substituo, então, a palavra paixão pela palavra encantamento.

Errado!
Estar encantado é ser vítima de feitiço, bruxaria, ou na melhor das hipóteses, sofrer de uma tentação irresistível. Se o que sinto traz serenidade, não pode ser irresistível, não pode me desequilibrar. Sentiu a dificuldade?

Qual a palavra, então? Amor?

Eu vejo o Amor como um deus. Não sentimos e deixamos de sentir amor, assim como não sentimos e nem deixamos de sentir Deus. Eles (e no fundo são a mesma coisa) existem, e nós, existimos dentro deles. A gente, no máximo, percebe amor, percebe Deus. Sacou? Não?

Vou tentar um exemplo da Física (Sim, eu também adoro Física!): A Terra, este lugar que a gente aos poucos está destruindo por não perceber que ele, tal como nós, faz parte de Deus, gira numa velocidadezinha de quase 1.700 quilômetros por hora!

De novo: Enquanto a ponta do ponteiro maior do teu relógio dá uma volta, sai do número 12 e para o número 12 retorna, a gente está percorrendo, num movimento circular em torno do eixo da Terra, mil e setecentos quilômetros.

 - Puts! Tá sentindo a adrenalina? A genteeee táaaa roooodaaannndooooo! Percebeu?

Não? Nem eu. Não dá.

O Newton disse, já faz um tempão, que a gente percebe movimento de acordo com o referencial. Quando a gente está dentro de carro em movimento, a sensação que a gente tem é que os postes, as casas e as árvores estão "correndo para trás". Mas a namorada que está no banco ao lado “não sai do lugar”.

Entendeu a questão do referencial? Eu, do meu ponto de vista, vou para o samba com minha cuíca parada, no banco do carro, ao meu lado. Vejo lá fora, numa esquina, uns vizinhos por quem passo e deixo para trás. Os mesmos vizinhos comentam: - Este cara não para! Ele vive correndo com esta cuíca pra lá e pra cá! – É a Teoria da Fofoca Relativa.

Chega. Não consigo explicar! (Na verdade eu entendo o que falo, mas você não. Eu consigo explicar. Você que não consegue entender!). – É a Teoria da Culpa Relativa.


Vou resumir:

* A gente é parte de Deus, Deus é parte de nós e a gente não percebe.
* A Terra está girando e a gente é parte da Terra e não percebe.
* O amor está em nós e nós estamos no amor, e a gente não percebe.

Não quero mais sentir paixão, nem encantamento. Quero dizer: -“Eu amo você!”

Amar “você” é perceber que amo a Terra, amo Deus, amo Tudo.

"...Eu vou calar
Pois não pretendo amor te magoar"

(Tive Sim - Cartola)

Amar. Verbo sempre transitivo, sempre direto. Muito diferente do meu papo e dos meus olhos tímidos, querendo evitar demonstrar o que não tem mais jeito, e nem nunca terá...

Mauro Sá