Ontem eu revi os olhos verdes mais lindos que já conheci em toda a minha vida.
Não são lindos apenas por sua cor, mas pelas expressões que manifestam. São olhos que riem. São também portas de entrada, para quem os olha com atenção e ousadia, para conhecer a sua maravilhosa dona.
Ela é uma eterna paixão. Lembro-me da primeira vez que a vi. Embora tendo entrado na mesma turma que eu, a recebi como “caloura”. Eu já estava no meu segundo ano de universidade, onde iniciei na Faculdade de Física e depois me transferi, no ano seguinte, para a faculdade de Meteorologia.
Bastou vê-la para escolhê-la como alvo da minha aproximação, das minhas brincadeiras e cantadas. Levei assim todo aquele primeiro dia de aula.
O incrível foi que, no dia seguinte, eu simplesmente me dei conta que não conseguia identificá-la entre as demais colegas. Não sabia como era o seu cabelo, seu corpo, seu jeito. Só consegui reconhecê-la quando vi seus olhos.
Tornamo-nos grandes amigos, tentamos um curtíssimo namoro que não foi adiante, assim como não fomos adiante com a faculdade de Meteorologia. Eu fui estudar Jornalismo, ela Geografia.
Levamos vinte e cinco anos para nos reencontrar. Foi como eu tivesse voltado no tempo através de seus olhos. Conversamos por horas e horas. Falamos do que aconteceu neste intervalo desde o nosso último encontro. Surgiu então a gratificante e indescritível sensação do reconhecimento.
Reencontrei a bela e apaixonante amiga. Voltei para casa e passei a noite como se tivesse visto um anjo. Não uma figura santificada, angelical, digna de auréolas e asinhas.
Um anjo bastante humano que me falou e me ouviu falar sobre as pessoas que nós amamos, sobre as que não conseguimos amar e as que deixamos de amar.
Falamos de nós. Rimos de nós como sempre fizemos.
Aliás, ninguém neste mundo jamais conseguiu me acompanhar com tanta intensidade e sincronia nas minhas “risadas de barriga” como ela: Uma linda mulher intensamente madura de olhos intensamente verdes.