quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A última do ano

Não resisti e tive que voltar pra dar uma última, rapidinha!

Entre vários lugares do Brasil aos quais fiquei disponível para tocar com a Beija-Flor, na virada do ano, vou ficar em Copacabana!

Primeira madrugada do ano: Beija-Flor em Copa e Batuque no Coreto no Flamengo! Este ano promete!

Um beijo pra minha mãe, pros meus irmãos, pra vocês e pra Xuxa!

Nave Mauro se despedindo de 2010!

Em 2011, RENDAM-SE TERRÁQUEOS!

Recesso de fim de ano do Batuque Meteórico. "Inté mais vê!"

Amigos leitores do Batuque Meteórico,

Quero agradecer o interesse com o qual visitaram o blog desde sua criação, no último novembro, e também as críticas e comentários postados, enviados por e-mail ou feitos em algum bate papo ao vivo por aí.
Foram, até hoje, exatamente 54 postagens em 54 dias de blog, na média de uma por dia. Creio que até o último minuto deste ano já tenha passado dos 3000 acessos, pois só faltam 13 para completar este número.

Gosto de números mas gosto muito mais de pessoas e fico imaginando que atrás de cada acesso pode haver uma opinião, um riso, uma discordância, um prazer em ler ou uma indiferença ao que foi postado.

Entrei na "Blogsfera" meio de brincadeira, assim como entrei na faculdade de Comunicação, da mesma maneira como iniciei o meu primeiro namoro de verdade. Nos três casos acabei me apaixonando.

Outro dia, conversando com uma amiga, naquele ambiente gostoso de beira de praia à noite, no Clube Militar, ela me lembrou de uma frase minha que ela gravou e se diverte quando lembra: Eu disse que nunca quis ser astronauta.
- É que todo mundo da minha geração, quando menino, sonhava em pisar na Lua, fazer viagens em foguetes... - Expliquei. Eu nunca quis ser nada!
"...And all this science
I don't understand
It's just my job
Five days a week
A Rocket Man
Rocket Man... "
 (Elton John - Rocket Man)

E, após o riso, num tom sério, aguardando uma resposta do fundo do meu ser, perguntou: - E hoje, o que você quer ser, afinal?
E eu respondi a verdade, no mesmo tom da pergunta: - Eu... eu quero ser leve!

Esta semana revi o filme Forrest Gump.
Não esqueço daquela pena, voando na última cena.
Que o meu fim seja igual ao do filme.

Obrigado a todos!

Termino 2010 muito mais leve que comecei. Graças à maioria de vocês.

Mauro Casemiro Lima de Sá

domingo, 26 de dezembro de 2010

Se vira nos trinta, nos quinze, nos dez... minutos. Sim, eu curto curtas!

Em “Mauro, por Mauro” eu disse: “Gosto de cinema. Gosto de curtas. Legal aprender a expressar boas idéias com um pouquinho só de tempo.”

Passarei a destacar semanalmente, no lado superior esquerdo desta página, os curtas que vi e gostei.

Escolhi um dos que mais gosto: Ilha das Flores, de Jorge Furtado.

Lembre que há uma página, indicada por uma aba, abaixo do título “BATUQUE METEÓRICO”, onde está escrito: Envie Comentários. Lá você encontra dicas de como enviar sua opinião sobre as postagens e vídeos ou qualquer coisa aqui publicados.

* Observem a caixa abaixo do seu comentário, onde está escrito COMENTAR COMO:, caso você não se enquadre em nenhuma das primeiras opções, comente como ANÔNIMO.

Se preferir, envie um e-mail para maurosah@gmail.com.

Um abraço!

Mauro Sá

Vida Longa Ao Rei

O dia que mais temo que chegue é o da morte do Roberto Carlos. Se o Michael Jackson já foi aquilo tudo, se o translado do corpo do Ayrton Senna foi acompanhado por imensas multidões nas ruas, imagina o “Rei”! E o noticiário? E as viúvas? Não! Não!

Deus, por favor, atenda meu pedido: Vida longa ao Rei.

Faz tempo que não assistia a um show do Roberto Carlos. Fiquei satisfeito com o que aconteceu, aliás, na verdade gostei mesmo do que não aconteceu.

Acompanhei atentamente, devido à ligação entre o cantor e a Beija-Flor de Nilópolis, que tem como enredo para 2011: “Roberto Carlos, A Simplicidade de Um Rei.”

No primeiro bloco as mesmas músicas que fizeram dele um símbolo de romantismo, enfeitadas com uma levada meio bossa nova, pra combinar com o ambiente, com a cidade, com Copacabana. Achei interessante.

Eu não conhecia a cantora Paula Fernandes, convidada no segundo bloco do show. Bela cruzada de pernas. Lá do Leme dava pra ver e ficar louco! Também gostei da voz. Mas o jeito de cantar... Parece a Sandy amanhã!

Terceira parte do show eu pedi arrego! Bruno e Marrone?  Aqui é Rio de Janeiro, “mermão”! Vai tocar música sertaneja lá no Oeste! Não dá! Hora de ir à cozinha, fazer um sanduba, lanchar.

Quarta parte do show. A hora esperada por mim: Roberto Carlos convida para o palco o grupo Exaltasamba. Ao fundo a bateria da Beija-Flor preparada para tocar. Este seria o momento crucial para o relacionamento entre a escola e o cantor homenageado no seu enredo.

Com todo respeito à carreira do RC, mas esta história de Rei Roberto Carlos é uma imposição apelativa massificada pela mídia, assim como a tal idéia da “Simplicidade do Rei”, tema da Beija-Flor. De simples ele não tem nada! Só pode ser ironia.

Depois da “Guerra da Vila Cruzeiro” e da “Tomada do Alemão” pelas forças do bem do Cabral, este show foi o assunto mais falado nos últimos dias. Estava esperando uma chatice, depois de ontem ver a Xuxa, com quase oitenta anos, chegando de vestidinho de princesa em uma carruagem, para seu programa especial de fim de ano.

Rainhas à parte, quando eu soube do enredo da Beija não recebi a idéia com otimismo. Além de não acreditar na tal simplicidade, acho que personalidades de grande fama como Roberto Carlos tendem a entrar em conflito com as escolas que os homenageiam. A menos que haja um envolvimento, uma compreensão da importância das escolas de samba na cultura carioca ou uma real simplicidade, o choque de egos é quase inevitável.
Tem que ser um Dorival Caymmi, um Carlos Drummond de Andrade ou um Chico Buarque para compreender e sentir a honra de ser homenageado.

Divulgada a sinopse do enredo, a Beija-Flor, como de praxe, mandou confeccionar camisas para as apresentações em shows, ensaios técnicos, etc. A camisa estampava uma rosa, o nome do enredo e uma foto discreta do Roberto. Ao saber que havia uma foto sua nas camisas o “Rei” não permitiu e mandou que fossem recolhidas todas as que já haviam sido distribuídas. Assim foi feito. Crise Um: Contornada.

Crise Dois: Erasmo Carlos, Paulo Sérgio Valle e o maestro da banda do RC, Eduardo Lages inscrevem um “samba” para concorrer na escola.

Justifico as aspas: Nem de longe aquilo era samba. Era uma música de gênero indefinido e muito, muitíssimo ruim. A música do Silvio Santos que dizia que “a pipa do vovô não sobe mais” dava um banho na do Tremendão.

Só que lobby é coisa poderosa. Grana também. Uma indústria de alimentos bancaria, no caso de vitória do “samba Tremendão”, contando não sei com que retorno, a quantia modesta de 10 milhões de reais. Caraça! Isso paga qualquer carnaval na Avenida. Não sei se a escola levaria algum, mas comenta-se que o trio de compositores, mesmo perdendo, levou um milhão cada um!

E eles, acreditando na força dos seus nomes, estavam certos que iriam ganhar. E o Roberto Carlos, provavelmente também. Por força do lobby levaram “o samba”, entre os 54 outros concorrentes iniciais, até a eliminatória onde escolheriam os seis sambas semifinalistas. A derrota foi surpreendente para eles.

No início de dezembro a escola se sentiu honrada ao ser convidada por Roberto Carlos para participar do show do dia de Natal, em Copacabana.

Quinta-feira, 23 de dezembro. A bateria da escola chegou às cinco da tarde no local do show, para o único ensaio. Ali uma surpresa: Roberto Carlos também convidara o grupo Exaltasamba.

A idéia do cantor era a bateria da escola tocar para o Exaltasamba cantar, acreditem, o “samba” perdedor, do amigo Erasmo Carlos! E o grupo também gravaria, ou gravará (para seu azar) a tal “música”!

Isso é inadmissível no mundo das escolas de samba! Gravar e divulgar, antes do carnaval, um samba perdedor! Imaginem se os 54 concorrentes fizessem isso? Perdeu? Esquece! Faz de conta que não existiu. Quer gravar? Deixa ao menos passar o carnaval.

A bateria ficou contrariada, assim como todas as pessoas da escola que souberam do fato.

A escola poderia, por força do lobby e do dinheiro, mesmo se o “samba” fosse ruim, pegar uma parte ou outra e encaixar no samba vencedor, dar a autoria aos nove, em vez de dá-la aos seis legítimos vencedores. Mas o “samba” não era ruim. Era péssimo! Sem chances de aproveitamento de coisa nenhuma.

Eu assisti ao show aguardando o resultado do impasse. Queria saber se a Beija-Flor de Nilópolis iria ceder à Rede Globo e ao Roberto Carlos e seus amigos. Quando vi a bateria preparada para tocar na hora que o Exaltasamba entrou no palco eu fiquei decepcionado. Na boa. Termo certo: fiquei puto mesmo!

Aí eu percebi o sorriso no rosto do Rodney, um dos diretores da bateria. Vi nas expressões dos colegas ritmistas uma satisfação que indicava que não estavam contrariados. E o Exaltasamba não cantou o “samba” do Tremendão. A bateria até acompanhou, discretamente, o grupo que cantou “... primeiro a gente foge, depois a gente vê...” Ah! Não foge!

Depois entraram a Raíssa, nossa musa, o mestre Binho, o Marcinho da frigideira, o Nilsinho Néon da cuíca e toda rapaziada acompanhando Claudinho e Selminha Sorriso, mestre-sala e porta-bandeira da escola, e o cantor Neguinho da Beija-Flor. Todos felizes, cantando o legítimo samba enredo da escola.

O “Rei” convidou a “banda” da escola, que só desceu a mão nos tambores quando ele corrigiu: - “Perdão, a bateria da Beija-Flor, minha escola de coração!”

Quem ainda não foi a Nilópolis e nunca pisou na quadra da Beija-Flor, quando for vai se arrepiar ao ver o orgulho e a garra com que o povo leva o punho fechado ao coração enquanto canta:

“... Comunidade impõe respeito! Bate no peito: Eu Sou Beija-Flor!”

É uma brasa, mora?  (o que hoje quer dizer: É sinistro, tá ligado?)

sábado, 25 de dezembro de 2010

Vem aí a postagem: Vida Longa Ao Rei!

O Batuque Meteórico vai acompanhar o Mega-Show do "Rei" Roberto Carlos, aguardando que algumas informações em off sejam confirmadas. Caso aconteçam... tirem os fãs da frente do computador!

"Além do Reino Tão Tão Distante" ou "Quem Percura Acha!"

Uma tarde de abril de 1978

Eu estava jogando volei com alguns colegas, na SQN 102, em Brasília, onde eu morava.  Alguém deu uma cortada e a bola bateu no bloqueio e foi pra fora da quadra, quicando velozmente na direção de uma empregada doméstica estava passeando com um menino que devia ter uns 4  ou 5 aninhos de idade. O menino saiu correndo atrás da bola, e a empregada correndo atrás da criança, mandando ela parar. Claro que não parou e, antes de pegar a bola, caiu e ralou o joelho.

Como diz Arlindo Cruz, "se ralou, vai arder". O menino chorou e a empregada, impiedosa, gritou:
- Viste! Quem percura acha!


24 de dezembro de 2010, 15 horas:

Enquanto me preparava para ir trabalhar, durante a noite de Natal, meu filho e seus amigos do condomínio estavam numa grande agitação, recolhendo dinheiro para comprar bebidas que seriam consumidas durante a noite.

Ele voltou do mercado com algumas garrafas de vários tipos de bebidas alcoólicas, e eu tive de retornar aos seus tempos de menino e contei-lhe uma história antiga:

Havia um conde que se dedicou tanto ao seu isolado condado, que este cresceu e se desenvolveu a ponto de tornar-se um reino.

As comemorações da criação do reino, promovidas pelo melhor amigo do conde, o Capitão da Guarda, durariam uma semana e culminariam na coroação, transformando o conde em rei.

Foram tão intensas tais comemorações, com tanta fartura, que o futuro rei, incentivado a beber mais e mais por seu amigo que promovia a festa, acabou por embebedar-se e por ele foi traído, sendo atirado, na véspera da coroação, do alto da torre do castelo, numa simulação de acidente.

Rei morto, rei posto. Assumiu o trono do triste reino o próprio Capitão da Guarda, o assassino do conde.”

-E daí, pai? - Perguntou meu filho.

- Daí você pode tirar duas conclusões, meu filho:

1ª) Até mesmo as pessoas em que você mais confia são capazes de trair você.

2ª) Conde bêbado não tem trono!

Acho que ele entendeu.


25 de dezembro de 2010, 12 horas.

Acordei agora, ainda com muito sono.
Algum amigo do meu filho deve ter caído dentro do vaso sanitário. Ele está ajoelhado, abraçado com o "ICASA", chamando um tal de Raul.

- Viste! Quem percura acha! - c.a.e.q.d. - (Como A Empregada Queria Demonstrar)

Feliz Natal!
Pro Raul também, coitado!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Nada dessa cica de palavra triste em mim na boca... Outras Palavras

Existem poucas cabeças perfeitas. Nas outras, Deus colocou cabelos.
(Carlos Eduardo Novaes)
                                           
A esperança é a última que morre. Mas morre.
(João Reguffe)

Não conheço um que não pague pela boca.
(Paulo Avelheda, o Tanaka)

Meu cagaço não me trava.
(Mauro Sá)

Não há gesto tão baixo que o ser humano não possa cometer.
(Professor Eduardo Neiva)

- Há males que vem para o bem.
- Há malas que vem de Belém.
- Nem todos, nem todos. E nem todas também.
(Um papo no Galeão)

Tristeza não tem fim, mas meu salário sim.
(João Reguffe, cantando)

Pro mal trepador até as bolas atrapalham.
(JF)

Você joga de quê? De volante? Só se for no time da Ciferal.
(Geraldão, pro Bill, ao ouvi-lo contar suas proezas no futebol)

Vocês querem laranjada de quê?
(Fininho, o Poeta, perguntando qual o suco que a galera iria beber, no Bob’s)


Bisnaga na minha família é uma guerra. Todo mundo que comer o bico. Vou inventar o pão estrela!
(Geraldão)

- Aí iam jogar os crist... É cristões ou cristãos?
- cristãos!
- Pois é! Iam jogá-los para os le... Porra! Iam jogar uma porrada de cristão pra uma porrada de leão!
(Pig, contando um filme)

Nunca vi tão lindo!
(Haroldo, sem teto que “mora” na São Salvador, a cada apresentação do Batuque no Coreto)

Mamão com açúcar! Morango ao leite!
(Haroldo, idem)

Há canções e há momentos que eu nem sei como explicar...

1978

...Papagaio da asa amarela
Corre e leve esse recado meu pra ela
Minha saudade não se rebate
Vai no grito estrangulado do meu canto...

1979

…Love of my life, you've hurt me
You've broken my heart, now you leave me.
Love of my life can't you see,

Bring it back bring it back,
Don't take it away from me,
Because you don't know
What it means to me…


1980

...Morena quando repenso o nosso sonho fagueiro
O céu estava tão denso, o inverno tão passageiro
Uma certeza me nasce, e abole todo o meu zelo
Quando me vi face a face fitava o meu pesadelo
Estava cego o apelo, estava solto o impasse
Sofrendo nosso desvelo, perdendo no desenlace
No rolo feito um novelo, até o fim do degelo
Até que a morte me abrace
São as desgraças da sorte, são as traças da paixão
Quem quiser casar comigo tem que ter bom coração
São as trapaças da sorte, são as graças da paixão
Pra se combinar comigo tem que ter opinião...


1982

...Menina do anel de lua e estrela
Raios de sol no céu da cidade
Brilho da lua oh oh oh, noite é bem tarde
Penso em você, fico com saudade
Manhã chegando
Luzes morrendo, nesse espelho
Que é nossa cidade
Quem é você, oh oh oh qual o seu nome
Conta pra mim, diz como eu te encontro
Mas deixa o destino, deixe ao acaso
Quem sabe eu te encontro
Brilho da lua oh oh oh, noite é bem tarde
Penso em você, fico com saudade...


1985

... The carpet crawlers heed their callers:
"We've got to get in to get out
We've got to get in to get out
We've got to get in to get out"...


1987

...Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós, na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia...


1988

...Minh' alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
pois que tu és já toda minha vida...


1991

...É só de ninar e desejar que a luz do nosso amor
Matéria prima dessa canção fique a brilhar
E é pra você e pra todo mundo que quer trazer assim a paz no coração
Meu pequeno amor
E de você me lembrar
Toda vez que a vida mandar olhar pro céu
Estrela da manhã
Meu pequeno grande amor que é você Gabriel
Pra poder ser livre como a gente quis
Quero te ver feliz...


1992

...Quando eu for velho
Quando eu for velhinho
Bem velhinho
Como seremos?
Como serei?
Como será?
Meu bichinho bonito
Meu bichinho bonito
Meu bichinho bonito
Tudo é mesmo muito grande assim
Porque Deus quer...
Minha mulher
Minha mulher
Minha mulher...


1993

...Explode coração na maior felicidade...



1998

... Lhe damos as boas-vindas
Boas-vindas, boas-vindas
Venha conhecer a vida
Eu digo que ela é gostosa
Tem o sol e tem a lua
Tem o medo e tem a rosa
Eu digo que ela é gostosa
Tem a noite e tem o dia
A poesia e tem a prosa
Eu digo que ela é gostosa
Tem a morte e tem o amor
E tem o mote e tem a glosa
Eu digo que ela é gostosa
Eu digo que ela é gostosa...


2001

…Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today
Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace…


2002

...Coitada, trabalha de plantonista
Artista, é doida pela Portela
Ói ela
Ói ela, vestida de verde e rosa
A Rosa garante que é sempre minha
Quietinha, saiu pra comprar cigarro...


2005

...Quem cala sobre teu corpo
Consente na tua morte
Talhada a ferro e fogo
Nas profundezas do corte
Que a bala riscou no peito
Quem cala morre contigo
Mais morto que estás agora
Relógio no chão da praça
Batendo, avisando a hora
Que a raiva traçou no tempo
No incêndio repetido
O brilho do teu cabelo
Quem grita vive contigo...


2006

...É comum a gente sonhar, eu sei
Quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar
Com o pranto a me correr
E assim, chorando, acalentar
O filho que eu quero ter
Dorme, meu pequenininho
Dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho
De tanto amor que ele tem
De repente o vejo se transformar
Num menino igual a mim
Que vem correndo me beijar
Quando eu chegar lá de onde vim
Um menino sempre a me perguntar
Um porquê que não tem fim
Um filho a quem só queira bem
E a quem só diga que sim
Dorme, menino levado
Dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado
De tanta dor que ele tem
Quando a vida enfim me quiser levar
Pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar
No derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar
Meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar
Num acalanto de adeus
Dorme, meu pai, sem cuidado
Dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado
Com o filho que ele quer ter...


2007

...Tem prata, leva d'água e da terra
"Se ligue, amor", na voz do cantador (vem beijar)
A nossa bandeira com ela... Despontou
A Lua já surgiu também
Pra ver o que a banana tem

O meu sonho de ser feliz
Vem de lá... Sou Imperatriz

Na poesia e na canção
Carmem Miranda, um turbilhão de paixão
Na "musa-flor" o sábio se inspirou
A Tropicália em nós brilhou
Hoje eu quero é paz no meu coração
Extravasar minha emoção...


2008

...Que eu queria poder te dizer sem palavras
Eu queria poder te cantar sem canções
Eu queria viver morrendo em sua teia
Seu sangue correndo em minha veia
Seu cheiro morando em meus pulmões
Cada dia que passo sem sua presença
Sou um presidiário cumprindo sentença
Sou um velho diário perdido na areia
Esperando que você me leia
Sou pista vazia esperando aviões...



2009

...Allegría
Come un lampo di vita
Allegría
Come un pazzo gridar
Allegría
Del delittuoso grido
Bella ruggente pena, seren
Come la rabbia di amar
Allegría
Come un assalto di gioia...



... Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e é de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor...


...Me atirei assim
De trampolim
Fui até o fim um amador
Passava um verão
A água e pão
Dava o meu quinhão
Pro grande amor
Mentira
Eu botava a mão
No fogo então
Com meu coração de fiador
Hoje eu tenho apenas
Uma pedra no meu peito
Exijo respeito
Não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor...

...Que vontade eu tenho de sair
Num carro de boi ir por aí
Estrada de terra que
Só me leva, só me leva
Nunca mais me traz
Que vontade de não mais voltar
Quantas coisas eu vou conhecer
Pés no chão e os olhos vão
Procurar, onde foi
Que eu me perdi
Num carro de boi ir por aí
Ir numa viagem que só traz
Barro, pedra, pó e nunca mais...
        

... É ela,
um festival de prata em plena pista,
o sorriso alegre do sambista,
ao ecoar o som de um tambor...ôô
Beija-Flor minha escola,
minha vida, meu amor...


 
2010

...Onde você encosta dá curto
Você passa, o mundo desaba
E pra te danar
Nada mais dá certo
E pra piorar
Os falsos amigos chegam
E pra te arrasar
Quem te governa não presta
Declare guerra aos que fingem te amar
Declare guerra
A vida anda ruim na aldeia
Chega de passar a mão na cabeça
De quem te sacaneia...


...Corra não pare, não pense demais
Repare essas velas no cais
Que a vida é cigana
É caravana
É pedra de gelo ao sol
Degelou teus olhos tão sós
Num mar de água clara...


...O galo já não canta mais no Cantagalo
A água já não corre mais na Cachoeirinha
Menino não pega mais manga na Mangueira
E agora que cidade grande é a Rocinha!
Ninguém faz mais jura de amor no Juramento
Ninguém vai-se embora do Morro do Adeus
Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres
E a vida é um inferno na Cidade de Deus
Não sou do tempo das armas
Por isso ainda prefiro
Ouvir um verso de samba
Do que escutar som de tiro
Pela poesia dos nomes de favela
A vida por lá já foi mais bela
Já foi bem melhor de se morar
Mas hoje essa mesma poesia pede ajuda
Ou lá na favela a vida muda
Ou todos os nomes vão mudar...



...O que foi feito, amigo,
De tudo que a gente sonhou
O que foi feito da vida,
O que foi feito do amor
Quisera encontrar aquele verso menino
Que escrevi há tantos anos atrás
Falo assim sem saudade,
Falo assim por saber
Se muito vale o já feito,
Mas vale o que será
Mas vale o que será
E o que foi feito é preciso
Conhecer para melhor prosseguir
Falo assim sem tristeza,
Falo por acreditar
Que é cobrando o que fomos
Que nós iremos crescer
Nós iremos crescer,
Outros outubros virão
Outras manhãs, plenas de sol e de luz...


2011

Alertem todos alarmas
Que o homem que eu era voltou
A tribo toda reunida,
Ração dividida ao sol
E nossa vera cruz,
Quando o descanso era luta pelo pão
E aventura sem par
Quando o cansaço era rio
E rio qualquer dava pé
E a cabeça rolava num gira-girar de amor
E até mesmo a fé não era cega nem nada
Era só nuvem no céu e raiz
Hoje essa vida só cabe
Na palma da minha paixão
Devera nunca se acabe,
Abelha fazendo o seu mel
No canto que criei,
Nem vá dormir como pedra e esquecer
O que foi feito de nós...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Obrigado do fundo do nosso quintal!

Uma vez, em Brasília, fui à casa de um amigo para a gente encontrar umas meninas que, finalmente, depois de muitas tentativas, aceitaram sair conosco. Iríamos passar o dia no Clube da Aeronáutica.

Eu e Nelson, dois adolescentes taradões, só pensávamos como seriam aquelas gracinhas de biquíni.

Claro que seria fundamental que o tempo permanecesse como amanhecera: um belo dia ensolarado. Mas o céu de Brasília é tão belo quanto surpreendente. As nuvens que surgiram começaram a ameaçar nosso programa. O Nelson ficou desesperado.

A imensa nuvem cobriu o céu. O cara ficou tão irado que deu um chute num criado mudo. A mãe dele, que pertencia à seita Seicho-No-Ie, foi ver o que estava acontecendo e, vendo o estado do Nelson, disse com uma voz suave:

- Filho, você sabe que nada se resolve assim. Você precisa entrar em harmonia com a Natureza para que ela te dê retorno. E para entrar em harmonia é preciso agradecer.

Então o Nelson se levantou, foi até a janela, olhou para as nuvens, respirou fundo, juntou as palmas das mãos em oração e agradeceu:

- Obrigado nuvenzinha filha da puta que apareceu logo no dia que eu ia sair com a Samara.

Eu quase morri de tanto rir enquanto começaram a cair os primeiros pingos de chuva.




Meus pais, por coincidência, passaram também a freqüentar a Seicho-No-Ie e então, num livrinho que meu pai me presenteou, eu descobri o que a mãe do Nelson quis dizer.

Li no livro:

REVELAÇÕES  DIVINAS
 Reconciliai-vos com todas as coisas do céu e da Terra.
Quando houver reconciliação com todas as coisas do Universo tudo será teu amigo.
Quando todo o Universo se tornar teu amigo, coisa alguma do Universo poderá causar-te dano. Se fores ferido por algo, ou se fores atingidos por micróbios ou espíritos baixos é prova de que não há reconciliação entre ti e todas as coisas do céu e da Terra. Reflexiona e reconcilia-te.
Este é o significado daquilo que te ensinei, uma vez da necessidade de te reconciliardes com teus irmãos antes de consagrares o meu altar.
Dentre os teus irmãos, os mais importantes são teus pais. Mesmo que agradeças a Deus, se não consegues, porém, agradecer a teus pais não estas em conformidade com o coração de Deus. Reconciliar-se com todas as coisas do universo significa agradecer a todas as coisas do universo.
A reconciliação verdadeira não é obtida nem pela tolerância nem pela condescendência mútua. Ser tolerante ou ser condescendente não significa estar em harmonia do fundo do coração. A reconciliação verdadeira será consolidada quando houver recíproco agradecer. Não obstante agradeças a Deus, aquele que não agradece a todas as coisas do céu e da terra, não consolida a reconciliação com todas as coisas do céu e da terra.
Não havendo reconciliação com todas as coisas do universo, mesmo que Deus queira auxiliar, as vibrações mentais provenientes da dissensão, não captam bem as ondas da salvação de Deus. Agradece a Deus. 
Agradece a teu pai e a tua mãe. Agradece a teu marido ou a tua mulher.
Agradece aos teus filhos. Agradece aos teus criados.
Agradece a todas as pessoas. Agradece a todas as coisas do céu e da terra.
Somente através desse coração de gratidão é que poderás ver-Me e receber a Minha salvação. Como sou o todo de tudo, estarei somente dentro daquele que estiver reconciliado com todas as coisas do céu e da terra.
Não sou presença que possa ser vista aqui ou acolá.                      
Por isso não sou captado pelos médiuns. Não penses que chamando por Deus através de um médium Deus possa se revelar. Se queres chamar-me reconcilia-te com todas as coisas do céu e da terra e chama por Mim.
Porque sou o Amor, ao te reconciliardes com todas as coisas do céu e da terra, aí, então, Me revelarei.


Eu nunca fui à Seicho-No-Ie, e meus pais deixaram de ir quando voltamos para o Rio de Janeiro. Mas esta idéia de agradecer ficou na minha cabeça e volta e meia eu me vejo agradecendo às coisas do céu e da terra, inclusive às tais nuvens, odiadas naquele dia, mas que hoje, de certa forma, são de onde tiro meu sustento.

Então, neste momento eu aproveito para agradecer. Primeiro aos meus pais pelo amor que sempre tiveram por mim, pois a partir dele vieram a minha educação, a minha formação, o meu caráter.
Agradeço aos meus irmãos e irmãs.
Agradeço aos meus amigos, aos colegas de trabalho.
Agradeço aos meus queridos filhos.

Agradeço a todas as pessoas que passaram na minha vida e ajudaram a construir minha história. Agradeço às instituições das quais fiz ou faço parte. Às universidades, às empresas onde eu trabalhei, às ordens esotéricas, aos mestres espirituais, aos grandes homens que passaram pela Terra.

Agradeço às mulheres que amei, sobretudo àquela com quem vivi muitos anos da minha vida, mãe dos meus adorados filhos, que me ensinou as mais úteis lições da minha vida adulta.

Agradeço aos amigos da minha equipe de trabalho pelo respeito, tranqüilidade e alegria com que convivemos e que tornam boas as nossas horas dentro da empresa.

Agradeço aos velhos amigos que sempre estiveram comigo. Entre eles, em especial, os amigos de Brasília e a Edite, amigos mágicos que transformam tempo e o espaço em nada.

Agradeço aos amigos que reaparecem. E ficam.

Agradeço aos anjos da reconstrução: Rosa, Deisi, Helena e Elaine. Cada uma do seu jeito, tal qual Joãosinho Trinta, trouxe do lixo o luxo para um novo carnaval.

Agradeço aos novos amigos da Praça São Salvador, que se reúnem em nome da música para mostrar que a vida pode ser alegre, divertida e que as pessoas vivem melhor quando são gentis, educadas e carinhosas.

Agradeço à Internet, maravilha moderna que pode servir para unir as pessoas, aproximar povos, transformar o mundo.

Agradeço aos leitores que tem saco de ler este texto tão grande e tão pessoal.

Agradeço ao Deus que vive em meu coração, por iluminar minha personalidade nos caminhos em busca do que realmente Eu Sou.

Agradeço por viver.

Agradeço por saber que um dia vou morrer, e nem por isso o mundo vai deixar de girar.

Porque a vida é curta e isso é muito bom! – Já dizia o macaco em um antigo programa de humor.

E o macaco está certo!

Feliz 2011!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A gente fica a lembrar, vendo o céu clarear, na esperança de vê-los...

- Mauro Casemiro!
- Diga Borjão!
- Avança!

E eu atendia o chamado, indo até a sala onde trabalhava o auxiliar da chefia do CMA-GL. Quase sempre um documento para assinar, uma informação a ser dada ou, quando eu mais gostava, uma convocação para ajudar o Borges a aprontar alguma brincadeira, uma ou outra zoação.

Foi assim desde o primeiro dia, quando o conheci ainda na Rodoviária Novo Rio, indo para São José dos Campos fazer o curso de formação para operar estações meteorológicas. Ele já trabalhava com vários amigos e com meu irmão, na antiga TASA, o que tornou fácil a conversa. Aliás, nada mais fácil que bater um bom papo com ele.

Chegamos a São José e éramos os cariocas da turma. Tinha gente de várias cidades do Brasil: Macapá, Vitória, Barra do Garças, Caravelas, Uberaba, Uberlândia. Nós dois fazíamos a festa. A batucada, no alojamento, era marcada na mesa de estudos. Pranchetas eram tamborins, copos de vidro viravam agogôs. Os sambas do Salgueiro atraiam os outros colegas e as horas destinadas aos estudos iam para o espaço.

Fim do curso o Borges voltou para o Rio e eu fui trabalhar no aeroporto de Guarulhos. Quando voltei para o Rio, ela ainda trabalhava no Galeão. "Demorô!"

Foram anos de bons papos, de brincadeiras, de churrascos e eventos promovidos por ele. Compadre do Martinho da Vila, Borges se aposentou cheio de saúde e foi curtir seu samba e o seu Mengão por aí, deixando um silêncio estranho no meu setor de trabalho.

O tempo passou, sua saúde foi enfraquecendo. Teve problemas cardiovasculares. Foi ficando cada vez mais quieto. Mesmo assim viu a Furiosa Bateria arrepiar ano passado na vitória da Academia do Samba. Pra completar, nosso Flamengo voltou a ganhar o Brasileirão. Comemorou na sua poltrona e ali se manteve, quando, na semana passada, ouviu:

- Borjão!
- Diga Bom Deus!
- Avança!

E lá se foi o Borges ser feliz ao lado do Criador.

Se encontrar com meu pai só vai dar Salgueiro lá no céu.

Quando chegar a minha hora eu juro que levo a minha cuíca. Vai ser uma festa!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Porque hoje eu vou fazer, ao meu jeito eu vou fazer, um samba sobre o infinito.

Existem coisas que eu presencio e, apesar de não terem importância nenhuma, permanecem na minha memória.

Situações engraçadas, cenas inusitadas, frases perfeitas no momento certo. Cores, sabores, cheiros, músicas. Ficam guardadas em algum lugar da minha mente e algumas vezes são acionadas por algo que acontece no presente, numa ligação cujo caminho eu desconheço.

Seja em uma festa, restaurante ou uma rápida viagem de elevador, algumas mulheres me atraem por estarem usando um determinado perfume que de alguma maneira faz a tal ligação entre meus neurônios e acionam algum cantinho perfumado do meu cérebro. Pronto. Marcou.

A música então, nem se fala. Promovem viagens a lugares e tempos distantes em frações de segundo.

Algumas coisas engraçadas aconteceram no dia que eu criei o Batuque Meteórico.

A idéia de criá-lo surgiu pela primeira vez ao conhecer o adorável Duas Fridas, blogue da Helena Costa, uma colega da faculdade que depois de anos voltou para mim na forma de anjo, que adora rir, conversar, escrever e sambar.

Vale informar, já que falei do Duas Fridas, que a Helena o criou em parceria com a sua amiga Monix.

Em abril ficamos, eu e Helê, alagados e encharcados após dois temporais seguidos que caíram no final da feira da Rua do Lavradio. Impossibilitados de retornarmos ao meu carro, procuramos abrigo no restaurante Mangue Seco.

Ar condicionado ligado. Frio, muito frio. Solução: Caipirinhas para aquecer. Não sei quantas nós bebemos (Engraçado, acho que não sei contar caipirinhas... depois da terceira ou quarta eu sempre perco a conta). Sei que vieram as lembranças da faculdade e a Helena lembrou-se do JOTADOBE (uma alternativa ao jornal JB, assim como o partido PC do B o era em relação ao PCB), jornalzinho que eu e alguns talentosos colegas criamos na UERJ. Os elogios de uma especialista sobre meus textos começaram a despertar a minha vontade de voltar a escrever.

A Lau, de Vitória, e a Célia Vasques, com quem converso pelo MSN, também diziam sempre que gostavam da maneira como eu escrevia.

Recentemente a Deisi, outro sábio anjo, em uma conversa sobre a possibilidade de eu criar um blogue incentivou-me a fazê-lo.

Fui para casa, escrevi um primeiro texto, criei o blogue. Até aí tudo bem, mas fiquei na dúvida se o tornaria público ou não.

Decidi encontrar alguém que eu não conhecia para “testar” a qualidade da minha recente criação. Escolhi a Ivana, uma das cantoras do Samba Salvador. Desde o primeiro momento que a vi cantar eu fiquei encantado com sua voz, com seus gestos, enfim, com o conjunto da obra.

- Atrás daquele microfone também bate um coração. – pensei.

Estava na cara que ela era uma pessoa sensível.

Enviei um e-mail para a Ivana falando da possível criação do Batuque Meteórico e pedi sua opinião sobre ele, que seria definitiva na minha decisão de publicá-lo ou não.

Como as minhas coisas definitivas costumam mudar junto com minhas idéias (“eu prefiro ser esta metamorfose ambulante...”), publiquei e divulguei o blogue dois dias depois, sem esperar a resposta.

Ainda bem.

Eu nunca recebi resposta alguma da Ivana.

Pensei em várias explicações sobre o que poderia ter acontecido. A mais provável para mim era que o assunto do blogue não havia despertado o menor interesse nela. Seu silêncio era um “toco”. Minha estratégia de fazer um teste com uma desconhecida (e aproveitar para me tornar um conhecido) falhou feio. Deixei para lá.

Ontem, após a roda de samba, finalmente tive a oportunidade de bater um papo com a Ivana. Tive o prazer de vê-la e ouvi-la cantar, mostrando para mim as músicas que ela mesma compôs. Babei. (Morram de inveja, brasileiros e brasileiras!).

Falamos sobre a possibilidade, já levantada pelo Nando, o talento de sete cordas do Batuque no Coreto, de eu escrever letras para serem musicadas. Fiquei viajando na idéia.

E, para me deixar mais feliz, ela disse que não recebeu o e-mail que eu lhe enviei, no qual pedi o que seria a opinião (definitiva para abortar ou não) sobre o Batuque Meteórico. Completou dizendo com aquele delicioso sotaque meio mineiro, meio baiano, que jamais deixaria de responder, caso tivesse recebido. Que doce.

Estão confirmadas as minhas impressões: Definitivamente ela é encantadora.


Eu comecei esta postagem falando sobre coisas que ficam marcadas em nossas memórias.
Lembro-me de uma manhã, nos tempos em que eu era da equipe de atletismo da Universidade Gama Filho (toda vez que eu digo que já fui atleta aos amigos do meu filho, eles caem na gargalhada. Sacanagem! – Próximo projeto: um livro – Memórias de Um Gordinho), estávamos treinando em um morro na Taquara, quando avistamos, no caminho que percorreríamos, um menino solitário sentado embaixo de uma árvore, segurando uma cordinha onde estava preso por um dos pés um urubu pousado na mesma árvore.
Ao passar perto do menino eu não me contive e ordenei rigoroso:
- Solta o urubu, moleque!
E ele com toda segurança e firmeza me respondeu:
- Ih! O URUBU É MEU! – E, do jeito que estava, ficou.

Algumas pessoas podem achar desnecessárias várias coisas que publico neste blogue. Entre elas umas e outras que poderiam ficar em um nível privado.

Eu poderia, por exemplo, enviar um e-mail para a Ivana e contar sobre o prazer em finalmente conhecê-la melhor. Decidi publicá-lo aqui.

Eu também poderia falar menos da Beija-Flor, de escolas de samba, da Praça São Salvador, do Batuque no Coreto, de mim, etc.

Eu estou tranquilão. Sentado no meu sofá, notebook no colo, diante da varanda do meu apartamento, sentindo o vento que balança as árvores, com seus verdes em contraste com um céu azulzinho. Faz dias que não ouço um tiro sequer disparado lá nas imediações da Penha. Cabral trouxe a paz (?), não o Pedro, em caravelas, mas o Sérgio, em tanques e caveirões.

Pessoas que não gostam das coisas que eu publico aqui tem o direito de criticar, mas não me mandem parar, pois se o fizerem responderei:

- Ih! O Batuque Meteórico é meu!

Na minha, na boa. Estou achando tudo isso um grande barato!

Be happy!