terça-feira, 25 de março de 2014

E assim, chegar e partir, são só dois lados da mesma viagem...



Fim de verão por aqui. O Sol segue para aquecer melhor as terras do Norte.
Na Europa, primavera, ele estará ainda tímido, se adaptando ao que e a quem irá aquecer.
Hoje minha querida amiga Roberta Pfeiffer, a quem eu chamo de Sol, parte para Londres. Vai ser feliz por lá e levar sua alegria e seu calor para as outras bandas da Terra. Certamente aquecerá os corações dos amigos que inevitavelmente conquistará com seu sorriso, sua sinceridade e sua energia de adolescente.
Farei esforço para não sofrer com a saudade. 
Creio que tal sentimento, muitas vezes surpreendente e inevitável, retira a força do presente, num desejo de que este fosse diferente.
Desejar a presença de quem eu sinto saudade nestes momentos significa querer que a interferência ou o testemunho de tal pessoa estivesse ocorrendo a cada instante. Seria alterar a realidade e tirar o sentido do presente.
A vida é plena quando percebida e vivida como ela se apresenta. E a dinâmica dos tempos e acontecimentos faz girar o mundo e nele as pessoas.
Não é fácil, contudo, aprender a conviver com chegadas e partidas, nossas e de quem amamos.
Lembro-me da minha resistência quando aos sete anos eu e minha família fomos morar em Jacarepaguá: Queria a velha e conhecida rua, o espaço onde jogava bola com meu irmão, a ladeira por onde soltava meus carrinhos e bolas de gude, que por ela desciam por conta da gravidade (Gravidade: uma dessas forças que a gente pode viver toda uma vida sem saber suas definições, fórmulas, mas sabemos seus efeitos práticos).
Este movimento das pessoas chegando e saindo do nosso dia a dia deve ser consequência de alguma dessas forças da Natureza e da Vida, tal qual a força da gravidade.
E a gente sente e tenta compreender os motivos. Surgem explicações (ou por nós estas são criadas), mas no fundo a gente resiste e deseja destruir a lei, (imaginando que seria um barato soltar o carrinho na parte de baixo da ladeira e ele, surpreendentemente, vez ou outra, subir, contrariando a gravidade!).
Mas o fato é que estas pessoas que, por um motivo ou outro precisaram partir, das quais sentimos saudade, jamais sairão da nossa história, marcando o passado, e dos nossos corações, pulsando o presente.
Há quase quarenta anos saí de Brasília e trago comigo as pessoas de lá. E assim ocorre com os amigos que fiz após retornar ao Rio. Alguns eu jamais reencontrei, mas fazem parte deste amontoado de aprendizado e vivências que constituem o que eu sou agora. Estão, portanto, comigo.
Estão também comigo as mulheres a quem amei.
Está aqui, intensamente, meu pai, que já não possui corpo feito de água, terra, fogo e ar, mas é Presença.
Estão comigo, inclusive, aquelas pessoas que eu esqueci e talvez jamais volte a me lembrar, pois os registros das pessoas importantes das nossas vidas não ficam armazenados apenas na memória.
 Ficam gravados no corpo e na alma. São partes de nós.