Batuque Meteórico: Nada se cria, tudo se copia

domingo, 9 de janeiro de 2011

Nada se cria, tudo se copia

Em tempo: a excelente tirada "Período chato entre o Carnaval e o Ano Novo" é da minha querida Cristina, uma da musas da minha alegria.

Obrigado Cris! Te encontro nos blocos!

Beijos!

Um comentário:

Cristina9 de janeiro de 2011 às 10:21
Nossa, adorei a homenagem!!! rs
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Pra quem sabe, é fácil!

É como conquistar uma bela mulher: tem que saber do que ela gosta e ter a competência de ser capaz de realizar os seus desejos, sem perder a identidade.
A Beija-Flor, na era sambódromo, aprendeu com a criticada Imperatriz Leopoldinense como realizar desfiles técnicos, que satisfazem os jurados dos diversos quesitos.
Aprendeu e foi além: Deu emoção e vibração. Ganhou sete dos últimos 14 campeonatos, e no mesmo período ficou por cinco vezes em segundo lugar.
No primeiro ensaio da bateria para este carnaval, em meados de 2010, Laíla nos reuniu e disse para ninguém cometer o erro de achar que a Beija-Flor teria sido injustiçada:
- Merecemos o terceiro lugar. A Tijuca foi campeã por ter aprendido a unir técnica e emoção. Agora temos que superá-la com mais técnica e muito mais emoção. Eu vou soltar a escola. Vou colocar a Beija-Flor leve, como pede a comunidade. Vamos fazer um carnaval alegre, com o samba cantado por todos na avenida. Temos que aprender com nossos erros e seremos os campeões!

E assim ocorreu.

Bate no peito comunidade! Eu sou Beija-Flor!

Aconteceu No Carnaval

Carnaval de 1986. Segundo dia do desfile das escolas de samba, a primeira escola a desfilar, Unidos da Tijuca, passou na avenida com problemas que a levaram a cair para o segundo grupo: Carros mal estruturados, que acabaram ficando abandonados pela concentração e O enredo polêmico "Cama, Mesa e Banho de Gato", exaltando o adultério, com referências grosseiras à homossexualidade e à vigarice. E ainda deu uma cutucada nos artistas, o que não agradou em nada a Rede Globo. Nego, o puxador do samba enredo, cumpriu bem o seu papel, utilizando um tom debochado no cantar. A letra é uma gaiatice, com muita malícia subtendida:

O homem orgulhoso como quê
Não se sente feliz com a sua matriz (não, não, não)
Montou uma filial
Mostra os pecados capitais no carnaval (eu falei no carnaval)
A hora é essa e vamos admitir (admitir)
Uma só mulher é pouco
Deixa o homem no sufoco
Com tantas que andam por aí
O arroz com feijão
Lá de casa é bom
Mas o cozido da vizinha é melhor (é melhor)
Dizem que eu sou machista
Com pinta de egoísta
Polígamo conquistador
Mas isso vem do tempo do vovô
Lá vai o trouxa
Crente que está numa boa
Mas não sabe que a patroa
Está com o Ricardão
E sua filha tem fama de sapatão

Tem piranha no almoço
Tem virado no jantar (bis)
Pra quem tem fome
Qualquer prato é caviar

Vida, palco desses acontecimentos
Desfilando pelo tempo
Hoje eu quero me banhar
No prazer mais prolongado
Que o banho de gato dá (Vem meu povo cantar)
Gingam cabrochas e ritmistas
Passistas e vigaristas
Artistas de revista e TV
Que não se importam
Com o que vocês vão dizer

Bota o prato na mesa
Tudo que vier eu traço (Bis)
Prepare a cama
Que hoje tem banho de gato

Fim do desfile da Tijuca. Aí aconteceu um dos grandes espetáculos já ocorridos na era Sambódromo.Por conta dos carros deixados pela “Tijuquinha”- não é pejorativo o diminutivo. O tratamento é comum e carinhoso no meio do samba - a Beija-Flor entrou com atraso na avenida, o que preocupava a todos, visto que a escola havia se concentrado sob uma escaldante tarde ensolarada, com um calor terrível, capaz de abalar a saúde e o ânimo dos componentes.Ano de copa do mundo, o povo ainda estava com a eliminação pela Itália em 1982 atravessada na garganta. Todos aguardavam o meio do ano para a revanche. E a Beija-flor aproveitou o gancho e entrou na avenida com o enredo “O Mundo É Uma Bola”, cantando assim:

Brasil, Brasil, Brasil, oi
Canta forte e explode de alegria
O mundo é uma bola
Girando, girando
Em plena euforia
Elevando a corrente
Pra frente, pra frente
E a vitória conquistar
Com os heróis da nossa seleção
Vibrantes com o grito popular
Tudo em cima novamente
Sobrevoando a passarela
Que beleza a Beija-Flor
Sacudindo esta galera
Do Oiapoque ao Arroio Chuí
Tem folclore, tem mandinga Oh! torcida campeã

O meu Rio de Janeiro
O ano inteiro é samba e Maracanã

Se esta profusão de cores
Sensibiliza o visual
A arte é jogar bola
Vai na Copa e faz um carnaval
É milenar...

É milenar
A invenção do futebol (Bis)
Fez o artista
Ter um sonho triunfal

A escola finalmente entrou na avenida e nos primeiros minutos do desfile começou a cair um aguaceiro que alagou o sambódromo. As bandeiras dos clubes que tremulavam aos montes nas arquibancadas ficaram encharcadas. A Beija-Flor desfilou com água cobrindo seus pés. Surpreendentemente, ao invés de desanimar, os componentes foram tomados por uma energia imensa, desfilaram com muita garra, aos saltos, visto que sambar era impossível. Um espetáculo contagiante. Mesmo com todos os problemas que a chuva causou às alegorias e fantasias criadas por Joãosinho Trinta, a escola ficou em segundo lugar. E bem que merecia o primeiro.

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domingo, 9 de janeiro de 2011

Nada se cria, tudo se copia

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