sábado, 27 de novembro de 2010

A Vida Não É Filme. Você Não Entendeu...

Parece filme, mas não é. O roteiro habitual esperado teria começo, meio e fim. Do caos à ordem, com a vitória das forças do bem. Mas a vida me ensina todos os dias que o buraco é sempre mais embaixo.

Hoje, no Rio, algumas coisas realmente são inéditas. Há uma postura por parte das tropas de moral elevada. Eu já vi muito bombeiro ser aplaudido, mas policiais, nunca! Surge uma sensação que toma conta da população de que “agora vai”.

Pode até ir, mas vai bem mais devagar que se imagina. De tudo, o mais positivo é a mudança, mesmo que baseada em fantasias, da atitude do povo.  

Os problemas, a gente sabe, começaram quando as 13 caravelas, vindas de Portugal, foram avistadas. Até então aqui era o paraíso. Terras, águas, comidas, tudo em abundância. Todo dia era dia de índio. Mas não há bem que sempre dure e um índio gritou: - Pelos ovos de Tupã! Descobriram a gente!

Resumindo a história, a atitude e a formação da geléia geral... Cantou São Clemente:

Onde a zorra vai parar?
Eu tô sofrendo, mas eu gozo no final
A São Clemente faz a gente acreditar
Que no Brasil o que é sério é carnaval

A cobra vai fumar
De além-mar, ao mar de lama
Gostoso é pecar, se lambuzar no mel da cana
Índias que não estão no mapa
Na boquinha da garrafa, cheias de amor pra dar
O tal batavo começou a avacalhar

E como brasileiro gosta de uma obra
Nassau fez até de sobra
Mascarando o leão do norte, lugarejo sem saúde
Onde a maior virtude era viver de armação
Macunaíma, anti-herói idolatrado
Aqui tudo foi tramado pra virar esculhambação

Todo mundo pelado, beleza pura
Todo mundo pelado, mas que loucura
Ninguém segura a perereca da vizinha
É um barato a buzina do Chacrinha

Era a Corte um rebu
Se ouviu o sururu, vai pra ponte que partiu
Com o laranja endividado
O pedágio foi cobrado, o primeiro do Brasil
 
O boi voou, começou a robalheira
A galhofa, a bandalheira, é chacota nacional
Mas tira o olho, ninguém tasca, eu vi primeiro
Tem muito boi brasileiro prá comer nesse quintal

Onde a zorra vai parar?
Eu tô sofrendo, mas eu gozo no final
A São Clemente faz a gente acreditar
Que no Brasil o que é sério é carnaval...


Eu peguei o notebook disposto a escrever pra caramba. Mil idéias, pouco tempo.
Sempre tendo que resumir, até pra preservar o saco dos leitores, acho que não podemos esquecer que quem financia o crime e o tráfico de drogas e armas está tranquilamente sentado em seu gabinete, escritório ou mansão; que neste raio de suruba, neste “polícia e ladrão” nada infantil, deve-se definir de que lado cada personagem está. Vamos lá: policiais bandidos e corruptos para o lado de lá! A banda boa fica aqui! Agora o mesmo com os políticos! Com os governantes, com os cidadãos comuns! Trabalho difícil! Muitos infiltrados. Leva tempo, não disse? É necessário desenvolver perspicácia, inteligência, malícia para reconhecer o opositor, o inimigo. E a autocrítica, pra gente também deixar de contribuir com esta zona.

Bandido pobre, armado e drogado é fácil de reconhecer. Quem nunca tinha visto viu aos montes quinta-feira. Fixou? Complicado é localizar os outros. Pois nessas tropas de policiais e seus comandos que a gente está vendo e aplaudindo nesta operação, tem um monte já pensando em se beneficiar com esta “retomada” do estado daquele território dominado pelo tráfico. As milícias estão rindo à toa.

Tem muita coisa a ser feita para que as coisas mudem. A questão da educação, da saúde, da recuperação da verdadeira noção de cidadania deve ser levada realmente a sério, seus problemas devem ser encarados como fizeram na Vila Cruzeiro. Invadir, tomar, recuperar, transformar e melhorar.

E tem mais. Voltando aos bandidos, agora somados aos que já estavam no Complexo do Alemão e os que estão nas outras comunidades. O que fazer com eles? Alguém aí acredita que esses elementos poderão ser reintegrados a uma sociedade honesta, íntegra e organizada? Você contrataria algum deles para ser porteiro do prédio onde mora?

Lembrei do filme Parque dos Dinossauros. A culpa da criação dos monstros não foi dos monstros. Foi dos ricos ambiciosos que queriam lhes explorar. Uma coisa é a origem, a semente do mal. Outra coisa são os frutos. No caso do filme, eliminar os monstros descontrolados foi inevitável. Com bandidos acredito que também será. Mas se não punirem, impedirem os financiadores, os cabeças, tudo surgirá novamente.

E você que consome drogas traficadas, que entra no jogo dos policiais corruptos quando paga para que seja liberado quando descoberto cometendo irregularidades no trânsito, que vota sem consciência e elege bandidos de gravatas, é claro que está dando tiro no pé. Deixa de achar que é malandro! Não sei se você tem solução, mas se liga na letra de Cabrobó, do Tianastácia:

Ouvi falar loucura vem de berço
Camarão bom é nascido em cabrobó
A bebida é coisa que vira cirrose
E o cérebro derrete quando alguém cheira loló
Meu pai falava prá eu andar sempre na linha
Só transa com camisinha prás "muié" não engravidar
Lança perfume sustentava os meus neurônios
Eu descobri que Steinhaeger com cerveja
Faz pirar
Só não vacilo brow
A natureza é implacável
Se o cara nasce mané
Cresce mané
Morre mané, mané

Dá um tempo Mané! Pra sobreviver! Pra sobreviver!

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