terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sobre Meninas e Cuícas

Tenho uma amiga que é louca por cuíca. Não sabe tocar, mas adora ouvir e ver. E não é, segundo ela, apenas pelo som, pelo tempero que a cuíca dá ao samba. Disse que, apesar de tanta admiração, não pode prestar muita atenção, pois começa a sentir uma aflição:
- O som da cuíca é safado, sugestivo. – Disse ela.
Então eu lhe descrevi a cuíca:
“Em um aro de madeira prende-se um disco de couro de cabra com uma haste de bambu (cambito) amarrada perpendicularmente em seu centro. Fixa-se o aro encourado em uma das extremidades de um cilindro de metal, criando um instrumento semelhante a um tambor.
A diferença é que a cuíca é invadida, tocada por dentro, friccionando de maneira lúbrica o cambito com um pequeno pedaço de pano molhado com água ou com o próprio suor.
A mão que agarra a cuíca por fora pressiona o couro próximo ao seu centro enquanto a mão invasora desliza, com ritmo, um pedaço de pano úmido no cambito. Quanto maior a pressão no couro, mais agudo é o som. Quanto mais firme o deslizar no cambito, mais intenso é o grito da cuíca.”
Ela confessa que, enquanto eu descrevia, só pensava em sacanagem.
Sábado, na Lapa, eu estava tocando minha cuíca na roda de samba do Batuque No Coreto, quando uma bela menina que dançava sussurrou elogios em meu ouvido sobre a maneira como eu tocava. Não pensei duas vezes: descrevi “inocentemente” a cuíca da mesma maneira. Infalível!
Ainda bem que ela não ouviu o toque do Zé Carlos, que dava um show ao meu lado. Muuuito mais sacana!

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