segunda-feira, 4 de abril de 2011

E se Deus não dá? Como é que vai ficar, ô nega?

O que me incomoda é viver em busca eterna de um alto desempenho, perseguindo objetivos desenhados em algum momento que não é este.

Por que raios eu teria que ter mais dinheiro, ter uma carreira de sucesso, conquistar mais mulheres, comprar sempre um carro novo, beber do vinho mais caro, dormir em hotel de luxo, estudar na Europa, comprar em New York, ouvir rock em Londres? Por que eu não posso errar no trabalho? Nem pagar mico diante dos meus filhos? Por que ser sempre o cara de bom senso, equilibrado, lógico, pé no chão, prudente?

Não é diretamente contra estas coisas que me revolto. O meu embate é contra a obrigação de realizá-las.

Esta exigência de perfeição, este ser jogado aos leões a cada falha, esta eterna ameaça de exclusão e o perdão condicional.

Para quem não sabe, eu erro muito. Quase que o tempo todo, em quase tudo o que faço. Não acredito em pecado, não acredito em castigo divino. Por qual motivo eu teria que temer a Deus?

Não sou bom, muito menos “bonzinho”. Sou, no máximo e às vezes, um otário mediano. Não vivo preocupado o tempo todo com todas as pessoas que me cercam.

Sou egoísta, sarcástico e sádico. Rio enquanto sangra o inimigo.

Ignoro as misérias das pessoas. Nem ouço alguém que me pede comida, na saída do mercado, se eu estiver enrolado tentando abrir uma embalagem de chicletes. Sim! Eu mastigo chicletes! E no final jogo aos pombos famintos, torcendo para que algum deles os coma. E morra.

Muitas vezes sou covarde. Sou fraco.

Não gosto de ter esperança... E minto demais!

Assustei? Então afaste-se imediatamente de mim!

Melhor a solidão que a companhia da eterna cobrança. Melhor ser eu mesmo, errado como sou, que ser sempre correto, tenso, mecanicamente preciso como muitos desejam que eu seja.

Navegar é preciso....
(mas não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar. É ele quem me carrega como nem fosse levar...)
...Viver não é preciso.
Definitivamente,
eu não sou preciso.
Tirem os baldes do caminho!

4 comentários:

  1. Meu querido, eu sinto, você escreve por mim."Melhor solidão que a companhia da eterna cobrança." É isso, exatamente isso... É viver a vida como ela é ,e sermos simplesmente nós. Te amo! Bjs!

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  2. Esse é o Mauro, autêntico, preciso e bom no recado.
    Mandou como muitos gostariam de mandar, é claro que estou nesse "muitos".

    Muito bom.

    Um abração

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  3. "Sou, mas quem não é? Oh Oh Oh Oh Oh..."

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