quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Eis que uma vez, num dia mágico, o encontrei e ao conversarmos lhe falei sobre os reis, sobre as leis. E ele falou: A grande lição é dar amor e receber, de volta, amor.

Nature Boy
(eden ahbez)

There was a boy
A very strange, enchanted boy
They say he wondered very far
Very far, over land and sea
A little shy and sad of eye
But very wise was he

And then one day,
One magic day he passed my way
While we spoke of many things
Fools and Kings
This he said to me…

The greatest thing you'll ever learn
Is just to love and be loved in return.


Vou confessar uma coisa, que provavelmente já foi percebida pelas pessoas mais próximas ou mais observadoras: sou bastante vaidoso.
Quem bater o olho em mim saberá que não é da parte física que falo. Estou confessando a minha ... – vou me aliviar... -  meu "orgulho" em relação ao meu intelecto.
Ser vaidoso com minha parte intelectual não quer dizer que eu me ache um gênio. Apenas percebi que tenho uma ferramenta espetacular em mãos, e que, quando não tenho preguiça de usá-la, consigo realizar alguns trabalhos interessantes.
Existe, contudo, uma parte do meu ser que cobra que eu utilize cada vez melhor esta ferramenta. Para que isto se cumpra, eu devo analisar e criticar a maneira como a utilizo, descobrir as falhas e acertos, apurar as técnicas,  aperfeiçoar seu uso.
Apaixonado pelo que representam as palavras “comunicação social”, sempre digo que existem dois brasileiros vivos que eu admiro intensamente pela maneira clara como utilizam seus intelectos, um ao expor suas ideias pela fala, outro pela música e textos: Caetano Veloso e Chico Buarque.
Fico observando encantado a precisão das palavras, no tempo e significado exatos, do compositor baiano quando fala, e do carioca quando compõe. Eles possuem uma capacidade invejável de comunicação e de raciocínio, a ponto de fazerem disso suas artes, evidentemente reforçados pelo rico e excelente vocabulário que os dois possuem e, acima de tudo, inteligência para organizar ideias através das palavras.
Em busca de minhas soluções, curtindo palavras, acabei de ler um texto que me deu algumas chaves para desvendar os meus mais frequentes mistérios, e delas tento lançar mão.
No meio destas chaves está a simples distinção entre as palavras raciocinar e racionalizar.
Sempre pensei em mim como uma pessoa que usa bem o intelecto para raciocinar, mas ao analisar a distinção entre os dois termos, percebi que na verdade meu cérebro tem mecanismos que sempre procuram a racionalização dos fatos e das coisas.
A diferença entre os dois é que pelo raciocínio você pode chegar à explicação científica das coisas, e pela racionalização se chega a uma zona de conforto construída pelo intelecto para justificar de maneira verossímil as coisas e fatos. O raciocínio busca a verdade e nunca aceita definitivamente uma conclusão. A racionalização busca a conclusão, mesmo que seja necessário negar a verdade.
Em outros termos, se eu não tomar cuidado estarei sempre gerando ideologias, o que pode, pela minha cobrança moral, transformar minha vaidade em vergonha.
Outro aspecto da minha personalidade que me dá narcisicamente prazer é a certeza de possuir um conjunto de características que em sua soma me conferem, sem falsa modéstia, um certo fascínio sobre algumas poucas pessoas.
Algumas delas, mais antenadas, tentando explicar tal fascínio, o atribuem ao fato de eu ter boa parcela, se não incorporada, pelo menos claramente percebida, de uma visão feminina sobre as coisas.
Mas o que significa esta visão feminina? Acredito que o senso comum distingue, além das evidentes diferenças físicas, homens e mulheres pela maneira como encaram as coisas. O homem enxerga o mundo pelo lado da razão, a mulher pelo lado da emoção. Sendo razão e emoção dois ideais extremos raramente alcançados, pois sendo mediócre a maioria da humanidade, o que se atinge e se reforça, de um modo geral, são homens que racionalizam e mulheres que sentimentalizam.
Sentimentalizar está para a emoção assim como racionalizar está para a razão. São exemplos de como os dois ideais extremos podem ter forte interferência de “ruídos”.
A mente masculina cria racionalizações e a feminina cria sentimentalismos para justificar o mundo.
No geral, devido a inconsciente guerra dos sexos, o homem rejeita os sentimentalismos femininos e se satisfaz com sua racionalização. Já a mulher tem postura exatamente oposta.
Tendo em mãos estas ideias eu consigo explicar o fascínio que consigo exercer sobre algumas pessoas por ter aspectos que esboçam um ser ideal (apesar de estar a uma distância interestelar dele), capaz de conter aspectos racionais e emocionais, reunindo e desfazendo esta distinção intensa,  estabelecida pelos próprios interesses dos seres humanos neles mesmos, entre o que é masculino e feminino, tornando quase impossível um ser humano pleno de qualidades racionais e emocionais.
Por eu sempre tentar ser racional, com muita interferência de racionalismos e ao mesmo tempo ser emocional, com pouca interferência de sentimentalismos (pois meus filtros masculinos dispensam o que não considero o “filé”) é que minha amiga Rosa Sagaria, que me conhece intensamente há muito tempo, e por não conseguir me encaixar na sua visão crítica do que é masculino, diz que eu não sou homem, "sou pessoa".
Utilizando ainda a mesma linha de raciocínio, eu consigo entender o motivo pelo qual as mulheres que demonstram ser inteligentes mas ao mesmo tempo imensamente emocionais são as que mais me atraem. Principalmente as que demonstram emoções por mim incompreensivelmente belas e sentimentalismos capazes de me tirar do sério, abalar meu raciocínio e minha capacidade de racionalizar.
Segundo Nietzsche, “todo idealismo perante a necessidade é um engano”.
Abaixo, portanto, o ideal! Mais do que explicar e entender o mundo, eu preciso, simplesmente, amar e ser amado.

"Hoje eu vim minha nega

Como venho quando posso
Na boca as mesmas palavras
No peito o mesmo remorso
Nas mãos a mesma viola onde eu gravei o teu nome
Nas mãos a mesma viola onde eu gravei o teu nome..."

Um comentário:

  1. "Existe, contudo, uma parte do meu ser que cobra que eu utilize cada vez melhor esta ferramenta".

    Esta parte de sua fala diz tudo. O fato de qualquer pessoa ser privilegiada intelectualmente; fisicamente, na beleza ou esporte; no carisma; na voz, na veia artística etc., não é mérito próprio, pois não escolhemos os próprios genes, não cabendo, portanto, o orgulho por isso. É privilégio e pronto. Agora como fazemos uso destes dons e como eles afetam outras pessoas, sim, é escolha nossa e disso podemos nos orgulhar, ou não. Hitler e Ghandi são exemplos.

    Lau

    ResponderExcluir

Envie seus comentários