sexta-feira, 6 de maio de 2011

Pois eu sonhei contigo e caí da cama. Ai, amor, não briga! Ai, não me castiga! Ai, diz que me ama e eu não sonho mais!

"Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro."

(José Saramago)

Eu não vejo glória em convencer, em colocar minhas ideias nas cabeças dos outros para que pensem com elas. Gosto de colocar minhas ideias para fora, para que as pessoas as considerem na hora de formarem ou transformarem as suas próprias ideias.

Não desejo que passem a fazer ou ser o que eu quero. Pelo prazer, gostaria de estar cercado de pessoas que já fazem naturalmente o que eu quero, de pessoas que sejam naturalmente como eu quero. Mas as pessoas diferentes são mais úteis ao crescimento. Elas trazem o aprendizado.

Não acredito em conquistas. Acredito em identificação, em atração de semelhantes.

Lembro-me de um personagem que muito me emocionou em um filme americano chamado “Campo dos Sonhos”. A história ocorria na década de 1980, e o personagem citado havia sido um “guru” dos anos 1960 que desistira de sê-lo. Ele constatou que muitas pessoas estavam vivendo apoiadas nas ideias dele, baseadas nos pensamentos que ele divulgou e percebeu nisso uma coisa ruim. Principalmente pelo fato de muitos agirem de forma equivocada, regidas por ideias mal compreendidas.

Há um livro que acho fascinante: “Ilusões”, de Richard Bach, que conta a história de um homem que nasceu destinado a ser um messias e desistiu de exercer a função. Ele não queria seguidores, queria apenas que cada um seguisse seu caminho.

Não acredito como característica minha tentar me convencer de algo.
Creio que eu tente apenas entender as coisas. Não gosto de fechar como verdade a primeira linha de pensamentos com lógica aceitável que surja. Gosto de criar alternativas e pensar: “e se não for nada disso?”.

Também não gosto de ficar em cima do muro. Digo: “Pode ser que eu mude de ideia amanhã, mas hoje eu realmente penso assim”.

Existem conceitos que formulamos que são, numa primeira fase, absolutamente teóricos. As ideias se desenvolvem através das informações e das interpretações que damos a elas. Mas com o decorrer da vida, nos deparamos com experiências que podem confirmar ou transformar as teorias criadas. Aqui mora a liberdade que eu acredito ser ilimitada e que eu posso viver. A liberdade de pensar.

Muitas vezes o falar o que se pensa pode ser um erro. Em geral é algo desnecessário. O falar passa, quase sempre, pela vaidade de ser admirado pelas ideias ou a necessidade de marcar posição. No meu caso, confesso, luto contra a minha vaidade.
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Pensando no auto-convencimento, há duas possibilidades que vislumbro de imediato: Eu tentar me convencer que alguma coisa é diferente da maneira que eu compreendo ou eu gerar ideologia para explicar algo que quero que aceitem, aplicando toda a minha energia a para tornar esta ideologia verossímil, chegando ao ponto de acreditar nela como verdade. Não gosto de cometer nenhuma das duas ações. Na primeira eu seria falso comigo, na segunda com as demais pessoas. E falsidade é algo que eu rejeito. Prefiro me permitir mudanças na maneira como compreendo as coisas. Prefiro não tentar provar nada para ninguém.

Eu sou brasileiro, mas desisto fácil.

Um comentário:

  1. Vemos um homem em consciente e explícita reforma íntima.
    Que bom ter a oportunidade de abrir uma página escrita por uma inspiração.

    Salve Mauro!
    Brilhante!

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