terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

E realmente a gente era, a gente era um casal Ah! Um casal sensacional...

Depois que eu toquei o alarme, várias pessoas passaram a me ajudar a procurar um texto do Veríssimo, da década de 1980, chamado “Conversando”. É, na verdade, um diálogo. Uma reprodução do encontro do Liberato, um cara que só se comunicava por frases feitas, com uma amigo.
Finalmente a Sylvia o encontrou na sua "Caixinha do Passado" e eu estou digitando para depois postar. Vocês vão gostar.

Inspirado no Liberato decido descrever o dia utilizando trechos de músicas:

 
5:13 da manhã

 Eu acordei tarde, de bode.

Hoje a menina do sonho não veio me acordar
Quem sabe até tenha vindo e eu não soube sonhar
Quem sabe até tenha tentado me descobrir
Em meio ao sono pesado a dormir, a dormir
Quem sabe até tenha vindo visitar meu sono
E quem sabe era só o abandono da alma dormida na vida
O que havia no fundo de mim pra se ver
Que ela, menina do sonho, ficou comovida
E não fez nada mais que sorrir
Partindo logo em seguida a buscar por aí
Outra morada pro sonho, por ser ela fada
Fadada a viver, com seu corpo no nada
O instante, o espaço, o abraço real da ilusão de existir
Quem terá tido essa noite
O sonhar visitado por ela ou por um querubim
Já que a menina do sonho não veio pra mim?

7 horas:

Telefonei
Pr'um toque tenha qualquer
E não tinha
Ninguém respondeu
Eu disse: "Deus, Nostradamus
Forças do bem e da maldade
Vudoo, calamidade, juízo final
Então és tu?"

Entre 10 e 11 horas:

Vou de lá pra cá. Vou daqui pra lá


Você vai pensar que eu
Não gosto nem mesmo de mim
E que na minha idade
Só a velocidade
Anda junto a mim.
Só ando sozinho
E no meu caminho
O tempo é cada vez menor...


– Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E
você?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo...
Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das
ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa,
rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
 – Adeus!
– Eu procuro você...
– Vai abrir, vai abrir...
– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
– Por favor, não esqueça, não esqueça...
– Adeus!
– Adeus!


Depois, no bar:

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada,
Um pão bem quente com manteiga à beça,
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada.
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol.
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol.

diante da mesa,
no fundo do prato,
comida e tristeza.
A gente se olha,
se toca e se cala
E se desentende
no instante em que fala.
Cada um guarda mais o seu segredo,
sua mão fechada
sua boca aberta
seu peito deserto,
sua mão parada,
lacrada,
selada,
molhada de medo.

15 horas, no MSN:

- Acontece que na vida gente tem
Que ser feliz por ser amado por alguém
Porque eu te amo
Eu te adoro, meu amor

Vou pedir prá você gostar
Vou pedir prá você me amar
Eu te amo
Eu te adoro, meu amor
A semana inteira
Fiquei esperando
Prá te ver sorrindo
Prá te ver cantando
Quando a gente ama
Não pensa em dinheiro
Só se quer amar
Se quer amar
Se quer amar
De jeito maneira
Não quero dinheiro
Quero amor sincero
Isto é que eu espero
Grito ao mundo inteiro
Não quero dinheiro
Eu só quero amar


Ó menina vai ver nesse almanaque
como é que isso tudo começou

Me diz, me diz, me responde por favor
Pra onde vai o meu amor
Quando o amor acaba

Vê se tem nesse almanaque, menina,
Como é que termina um grande amor
Me diz, me diz... Um grande amor

Se adianta tomar uma aspirina
Ou se bate na quina aquela dor
Me diz, me diz
Me diz... Aquela dor

Se é chover o ano inteiro chuva fina
Ou se é como cair do elevador

Me responde por favor
Pra que que tudo começou
Quando tudo acaba.

Não perca tempo assim contando história
Pra que forçar tanto a memória
Pra dizer
Que a triste hora do fim se faz notória
E continuar a trajetória
É retroceder
Não há no mundo lei que possa condenar
Alguém que a um outro alguém deixou de amar
Eu já me preparei, parei para pensar
E vi que é bem melhor não perguntar
Porque é que tem que ser assim
Ninguém jamais pôde mudar
Recebe menos quem mais tem pra dar
E agora queira dar licença, que eu já vou
Deixa assim, por favor
Não ligue se acaso o meu pranto rolar, tudo bem
Me deseje só felicidade, vamos manter a amizade
Mas não me queira só por pena
Nem me crie mais problemas
Nem perca tempo assim contando história...


E a vida passa na TV
E o meu caso é com você
Fico louco sem saber
Sim pro sol, sim pra lua
Eu quero você toda nua
Sim pra tudo que você quiser

Hoje é festa na floresta, toda tribo ateia som
Toda taba ateia sol, só tomando água de coco
Infeliz de quem tá triste
No meio dessa confusão


Ah, meu coração que não entende
O compasso do meu pensamento
E o pensamento se protege
E o coração se entrega inteiro e sem razão
Se o pensamento foge dela o coração a busca aflito
E o corpo todo sai tremendo, massacrado e ferido no conflito


A sorrir eu pretendo
levar a vida
Pois chorando eu vi
a mocidade perdida
Finda a tempestade
O sol nascerá
Finda esta saudade
Hei de ter outro
alguém para amar

20 horas:

Criar meu web site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleja
Que veleje nesse informar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu orixá
Ao porto de um pen-drive de um micro em Taipé
Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque
Para abastecer
Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut
De Connecticut de acessar
O chefe da Mac Milícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
Um vírus para atacar os programas no Japão
Eu quero entrar na rede para contatar
Os lares do Nepal,os bares do Gabão
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar...
 

Meia-noite e meia:

Tutu-Marambá não venha mais cá
Que a mãe da criança te manda matar''
Tutu-Marambá não venha mais cá
Que a mãe da criança te manda matar''
Ai, como essa moça é descuidada
Com a janela escancarada
Quer dormir impunemente
Ou será que a moça lá no alto
Não escuta o sobressalto
Do coração da gente
Ai, quanto descuido o dessa moça
Que papai tá lá na roça
E mamãe foi passear
E todo marmanjo da cidade
Quer entrar
Nos versos da cantiga de ninar
Pra ser um Tutu-Marambá
Ai, como essa moça é distraída
Sabe lá se está vestida
Ou se dorme transparente
Ela sabe muito bem que quando adormece
Está roubando
O sono de outra gente
Ai, quanta maldade a dessa moça
E, que aqui ninguém nos ouça
Ela sabe enfeitiçar
Pois todo marmanjo da cidade
Quer entrar
Nos sonhos que ela gosta de sonhar
E ser um Tutu-Marambá
Boi, boi, boi, boi da cara preta
Pega essa menina que tem medo de careta''


...Infeliz de  quem tá triste no meio desta confusão...


Zzzzzzz

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